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Mercado inicia a semana de olho no Copom

Por Agencia Estado
Atualização:

Depois da reunião extraordinária da semana passada, que elevou os juros básicos de 18% para 21% ao ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) volta a se encontrar na terça e quarta-feira para definir o nível da taxa Selic. Como a instituição afirmou, na ata do encontro extraordinário, que aumentou os juros por causa da trajetória da inflação e da possibilidade de descumprimento da meta de 2003, boa parte dos analistas passou a apostar que os juros serão mantidos nesta semana. Para alguns economistas, no entanto, a taxa Selic pode subir mais uma vez se o dólar romper a barreira de R$ 4. Para os economistas do HSBC Investment Bank, "a reafirmação de que o BC está direcionando a taxa de juros para o controle da inflação é um indicativo de que são improváveis novos aumentos da Selic no curto prazo." Segundo o banco, "se o objetivo fosse determinar um nível para a taxa de câmbio, a hipótese de novas e mais fortes elevações de juros seria mais provável. Mas não parece ser o caso, uma vez que essa estratégia possivelmente se revelaria contraproducente." Um relatório do BBV Banco afirma que, "de fato, há sinais cada vez mais evidentes para nos preocuparmos com a elevação dos preços". Um exemplo é o fato de que os preços livres do IPCA, que são afetados pelas mudanças nos juros, aumentaram de 0,59% em julho para 1,01% em setembro. Segundo a instituição, "a política monetária deve buscar antes de tudo diminuir o repasse da depreciação cambial para os preços por meio do arrefecimento do nível de atividade". Os economistas do BBV destacam, no entanto, que a perspectiva de queda do dólar influi positivamente na trajetória de inflação, "como coloca a própria ata". "Isso pode sugerir que, ainda que a taxa de câmbio não seja o foco da política monetária, esta pode ter como objetivo paralelo elevar o custo de operações especulativas." O chefe de pesquisa para a América Latina da consultoria Ideaglobal em Nova York, Ricardo Amorim, acredita que os juros podem subir nesta semana se o dólar superar R$ 4. Para ele, uma depreciação adicional do câmbio teria impacto sobre os índices de preços e as expectativas do mercado quanto à inflação, o que tenderia a levar o BC a agir preventivamente. Na sexta-feira, o dólar fechou em R$ 3,875. O mercado brasileiro viveu uma trégua no fim da semana passada, principalmente por causa das declarações de integrantes do PT de que o partido, se ganhar as eleições, vai manter o esforço fiscal necessário para estabilizar a relação dívida/Produto Interno Bruto (PIB). A questão é saber se esse cenário positivo vai continuar, numa semana em que haverá, na quarta-feira, o vencimento de US$ 1,1 bilhão de títulos e contratos atrelados ao dólar. Nas últimas semanas, a queda-de-braço entre o mercado e o Banco BC em torno desses vencimentos tem pressionado fortemente o câmbio. Para tentar rolar os papéis, o BC faz amanhã uma oferta de contratos cambiais.

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