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Mercado muito nervoso e dólar vai a R$ 3,24

O dólar disparou hoje, tendo subido 7,46%. A escalada foi de R$ 3,015 para a cotação recorde de R$ 3,24. Os juros acompanham o pessimismo, mas a Bovespa vai na contramão e sobe 3,61%.

Por Agencia Estado
Atualização:

A cotação do dólar disparou na manhã de hoje e provocou um ataque de nervos no mercado. Os especialistas não encontram um motivo racional para explicar o nervosismo. O consenso é de que o cenário geral não agrada e que isso gera um movimento de sentido único nas mesas de operações: a compra. Com isso, o volume de negócios está reduzido praticamente à metade do normal, já que poucos se dispõem a vender, independentemente do preço. A trajetória da cotação também é única, para cima. Às 15h10, o dólar comercial estava sendo vendido a R$ 3,2400; em alta de 7,46% em relação às últimas operações de ontem. Ao longo do dia, o valor mínimo negociado foi R$ 3,0150 na abertura e até agora não parou de subir. Com o resultado apurado agora, o dólar acumula uma alta de 39,90% no ano e de 14,89% em julho. Se de um lado não há instituições dispostas a diminuir posições compradas, abastecendo o mercado de moeda norte-americana, de outro, a demanda cresceu na manhã de hoje. Segundo operadores, o volume de vencimentos da semana que vem é grande e algumas empresas estiveram no mercado esta manhã comprando dólares para honrar parte desses compromissos. Mesmo assim, a maioria dos profissionais de mercado ouvidos pela Agência Estado afirmam que a magnitude da alta no período deve-se principalmente a um movimento especulativo. Nesse ambiente, criam-se cada vez mais expectativas sobre prováveis atuações do Banco Central (BC) no mercado. Na manhã de hoje, as possibilidades mais comentadas pelos analistas eram o aumento da venda diária no mês de agosto e a adoção de um limite menor para as posições compradas dos bancos. Atualmente, a intervenção diária é de US$ 50 milhões, mas o mercado avalia que essa quantia deve subir para US$ 100 milhões ou até US$ 200 milhões. A disparada do dólar foi acompanhada de perto pelas projeções de juro. Os contratos de DI futuro com vencimento em janeiro de 2003 negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros pagavam taxas de 25,400% ao ano, frente a 23,300% ao ano ontem. Já os títulos com vencimento em julho de 2003 apresentam taxas de 29,000% ao ano, frente a 27,550% ao ano negociados ontem. O risco Brasil também disparou e bateu novo recorde, de 2.132 pontos. E hoje não dá para culpar, nem parcialmente, as bolsas em Nova York, pois elas estão disparando. Em Nova York, o Dow Jones - Índice que mede a variação das ações mais negociadas na Bolsa de Nova York - apresenta alta de 4,24% (a 8615,0 pontos), e a Nasdaq - bolsa que negocia ações de empresas de alta tecnologia e informática em Nova York - sobe 5,03% (a 1325,65 pontos). O euro opera em queda de 0,77%; sendo negociado a US$ 0,9783. Na Argentina, o índice Merval, da Bolsa de Valores de Buenos Aires, em alta de 0,96% (359,25 pontos). Não há um fato específico que possa ter detonado este movimento de pânico aparente, mas operadores citam uma combinação de fatores negativos para o cenário doméstico de curto e médio prazo. Foi muito comentada, por exemplo, a agressiva declaração dada ontem pelo secretário americano do Tesouro, Paul O´Neill. Ao se referir ao Brasil, Argentina e Uruguai, o secretário disse que "estes são amigos e aliados importantes dos EUA, mas precisam implantar políticas que garantam que, assim que o dinheiro auxiliar for concedido, trará benefícios e não simplesmente sairá do país para contas bancárias da Suíça". Esta declaração de O´Neill não significa necessariamente que ele vetará uma nova ajuda do FMI ao Brasil. O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, disse, por exemplo, que O´Neill não se referia ao Brasil. Alguns operadores acham que o alvo pode ter sido a Argentina. Pode-se discutir o que o secretário realmente quis dizer, mas, pela forma como a notícia foi divulgada pelos jornais, ele falou dos três países. O ambiente político-eleitoral também não ajuda. Vários institutos estão apurando pesquisas e o mercado teme novos crescimentos de Ciro Gomes e que José Serra continue caindo. Enquanto o real derretia frente ao dólar, o juro e a taxa de risco Brasil explodiam, a Bolsa disparava. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) opera em alta de 3,37% em 9528 pontos e volume de negócios de cerca de R$ 429 milhões. Com o resultado de hoje, a Bolsa acumula uma alta de 29,79% em 2002 e de 14,43% só em julho. Das 50 ações que compõem o Ibovespa - índice que mede a valorização das ações mais negociadas na Bolsa -, 8 apresentaram baixa. O principal destaque são os papéis da Transmissão Paulista PN (preferenciais, sem direito a voto), com alta de 10,02%. Não deixe de ver no link abaixo as dicas de investimento, com as recomendações das principais instituições financeiras, incluindo indicações de carteira para as suas aplicações, de acordo com o perfil do investidor e prazo da aplicação. Confira ainda a tabela resumo financeiro com os principais dados do mercado.

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