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Mercado prevê inflação e recuo do PIB ainda maiores para 2015

Expectativa de alta de preços foi revisada de 7,27% para 7,33%; retração da atividade econômica, de 0,42% para 0,50%

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Por Célia Froufe (Broadcast)
Atualização:

Atualizada às 9h35

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Na semana de poucos dias úteis por causa do feriado de carnaval, também foram mais tênues as mudanças de projeções do Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta segunda-feira, 23, Banco Central. No entanto, segundo o documento, o IPCA encerrará este ano em 7,33%, e não mais em 7,27% como aguardava o mercado no levantamento anterior. E o PIB do Brasil não mais deve encolher em 0,42%, mas em 0,50%.

Caso a projeção atual para inflação em 2015 se confirme, o Brasil registrará seu maior índice em 12 meses desde 2004, quando a alta média de preços acumulada foi de 7,60%.

Alexandre Tombini, presidente do Banco Central Foto: Dida Sampaio/Estadão

A expectativa de que o BC não entregará, portanto, a inflação de 2015 sem estourar o teto da meta de 6,50% também pode ser vista no Top 5 de médio prazo, que é o grupo dos economistas que mais acertam as previsões. Para esses profissionais, a mediana para o IPCA deste ano segue acima da banda superior da meta, mas permaneceu em 7,12% como na semana passada. Quatro semanas atrás, estava em 6,86%.

Para o final de 2016, a mediana das projeções para o IPCA foi mantida em 5,60% pela quarta semana seguida. No Top 5, a projeção para a inflação no final do ano que vem também ficou inalterada em 5,65% - um mês antes estava em 5,60%.

O Banco Central trabalha com um cenário de alta para o IPCA nos primeiros meses deste ano, mas conta com um período de declínio mais para frente, levando o indicador a ficar no centro da meta de 4,5% no encerramento de 2016. Apesar desse prognóstico mais positivo para o médio prazo, as expectativas para a inflação suavizada 12 meses à frente seguem elevadas. Passaram, no entanto, de 6,56% para 6,55% de uma semana para outra, ante 6,69% de um mês antes.

É no curto prazo que os preços mostram mais descontrole. Depois da alta de 1,24% de janeiro, revelada pelo IBGE, os analistas preveem que o IPCA suba 1,04% em fevereiro - na semana anterior estava em 1,02% e quatro antes, em 1,00%. Para março, é aguardada uma pequena desaceleração da taxa, que deve ser de 0,79%. Na semana anterior, porém, a mediana das previsões estava mais baixa, em 0,70% e um mês antes, em 0,60%. 

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Preços administrados.  Os preços administrados seguem em trajetória de alta. A mediana das previsões para esse conjunto de itens subiu de 10,00% na semana passada para 10,40% agora. Um mês antes, a mediana estava em 8,70%. A estimativa central do mercado continua acima da projeção mais recente feita pelo BC, de alta de 9,30% para esses preços. Esta foi a 11ª semana consecutiva em que houve revisão das projeções para cima.

Já para 2016, a expectativa é a de que a pressão para a inflação desse conjunto de itens seja menor. A mediana das estimativas continuou em 5,50% de uma semana para outra. Há um mês, a Focus apontava uma taxa de 5,80% para os preços administrados no ano que vem. A projeção do mercado para o próximo ano segue também mais pessimista que a do BC, que na última ata do Copom projetou inflação de administrados em 5,1%.

Sobre os preços administrados de 2015, o BC explicou que a sua projeção em nível elevado considera hipótese de elevação de 8% no preço da gasolina, em grande parte, reflexo de incidência da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) e da PIS/COFINS; de 3,0% no preço do gás de bujão; de 0,6% nas tarifas de telefonia fixa; e de 27,6% nos preços da energia elétrica, devido ao repasse às tarifas do custo de operações de financiamento, contratadas em 2014, da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). As informações fazem parte do Relatório Trimestral de Inflação de dezembro. 

PIB. Há quatro semanas, a estimativa do mercado era crescimento de 0,13%. Esta revisão para 0,50% foi a oitava revisão seguida para baixo desse indicador.

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Para 2016, a expectativa é um pouco mais otimista. A previsão de alta de 1,50% foi mantida. Quatro semanas atrás, a mediana das projeções de crescimento do PIB no ano que vem era de 1,54%.

A produção industrial segue como setor vital para a confecção das previsões para o PIB em 2015 e 2016. No boletim Focus, a mediana das estimativas do mercado para o setor manufatureiro revela uma expectativa de queda de 0,35% para este ano ante baixa de 0,43% prevista na semana passada e de alta de 0,69% de quatro semanas atrás. Para 2016, as apostas de expansão para a indústria são de elevação, mas foram reduzidas de 2,45% para 2,00% de uma semana para outra - há quatro edições da pesquisa Focus, estava em 2,50%.

Os economistas alteraram também suas estimativas para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB. Para 2015, a mediana das previsões passou de 38,00% para 37,90% - quatro semanas antes esse número estava em 37,00%. No caso de 2016, as expectativas passaram de 38,55% para 38,90% - um mês atrás estava em 37,40%. 

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Dólar. Depois de engatar alta nas negociações atuais, o dólar chegou a R$ 3,00 no Relatório de Mercado Focus. Essa estimativa é a mediana das projeções do mercado para o câmbio no encerramento de 2016. Há uma semana, o ponto central da pesquisa era de uma cotação de R$ 2,93 e, há quatro, de R$ 2,90. 

Com esse aumento, a mediana para o câmbio médio ao longo do ano que vem também sofreu alteração, passando de R$ 2,85 para R$ 2,88. Quatro semanas atrás, estava em R$ 2,82. 

No caso de 2015, a mediana das estimativas para o câmbio foi mantida em R$ 2,90 - quatro edições anteriores do boletim Focus estava em R$ 2,80. Apesar da manutenção ao final do ano, foi observada uma elevação no caso do câmbio médio de 2015, que passou de R$ 2,81 para R$ 2,84 - um mês antes estava em R$ 2,72. 

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