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Mercado quer ver ata do Copom antes de cravar cenário para Selic

Analistas avaliam que a percepção da autoridade monetária de que permanecem limitados os riscos para a trajetória da inflação abre espaço para um novo corte da taxa

Por Denise Abarca e da Agência Estado
Atualização:

No dia seguinte ao esperado corte de juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, poucos são os economistas que se arriscam a tomar uma posição firme sobre o próximo passo do BC. Os analistas avaliam que a percepção da autoridade monetária de que permanecem "limitados os riscos para a trajetória da inflação" e, sobretudo, a menção à "fragilidade da economia global", no comunicado, abrem espaço para um novo corte da taxa, mas preferem aguardar a divulgação da ata para promover eventuais revisões de cenário para a Selic. A questão, agora, é se o ciclo de afrouxamento dos juros continuará ou não.

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"O Copom considera que, neste momento, permanecem limitados os riscos para a trajetória da inflação. O Comitê nota ainda que, até agora, dada a fragilidade da economia global, a contribuição do setor externo tem sido desinflacionária. Diante disso, dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias, o Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 9,00% a.a., sem viés", diz o comunicado.

Em relatório, os economistas da Rosenberg & Associados afirmaram que "é prudente aguardar mais detalhes sobre a avaliação do estado corrente da economia pelo Copom, que serão conhecidos da leitura da ata a ser divulgada na próxima semana, para afirmar, por ora, o fim do ciclo de ajuste das condições monetárias."

Na mesma linha, os economistas Jankiel Santos e Flávio Serrano, do Besi Brasil, também preferem aguardar. "Vamos esperar pela ata da reunião antes de revisar nosso cenário base", disseram também em relatório, argumentando sobre o elevado grau de incerteza que envolve a questão e as frequentes mudanças testemunhadas nas respostas do Banco Central seguidas das reações do mercado às suas decisões. O Besi, por enquanto, mantém sua expectativa de que a Selic ficará em 9%, mas admite que aumentaram as chances de uma nova queda.

Para a Tendências, o comunicado não trouxe sinais sobre o encerramento do ciclo de afrouxamento monetário nesta reunião. "Algum sinal mais claro deve surgir na ata da reunião, a ser divulgada na próxima semana, especialmente pela repetição da frase de que a Selic deve convergir para níveis ligeiramente acima dos mínimos históricos", escreveu a economista Alessandra Ribeiro, no serviço on line da instituição.

Ainda assim, ela acredita que no documento "uma frase mais contundente sobre o fim do processo de afrouxamento, de fato, pode não aparecer, dada a necessidade de o Banco Central deixar algum espaço para redução adicional de juros ao longo dos próximos meses". O cenário da Tendência contempla estabilidade da Selic em 9% ao longo dos próximos meses e retomada do ciclo de alta no início de 2013.

"A ata da reunião, que será publicada no dia 25, deve esclarecer se a autoridade está considerando a possibilidade de rever o 'orçamento' total do ajuste da Selic. Até lá, mantemos avaliação de que o ciclo atual de redução do juro básico foi encerrado com o corte promovido nesta quarta-feira", afirma a LCA Consultores.

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Em seu boletim matinal, o Bradesco afirma "ser mais provável que o Copom reduza novamente a taxa de juros, mas em 50 pontos-base, uma vez que, se o nosso cenário se confirmar, estaremos com um quadro no qual os dados de atividade deverão mostrar retomada, mas ainda com certa fragilidade da indústria (estoques elevados, principalmente no setor de veículos) e alguma acomodação da demanda". Ponderam, contudo, que devem considerar a divulgação da ata, "quando teremos informações adicionais relativas à leitura do Copom do cenário atual e prospectivo, trazendo novas pistas para os próximos passos da política monetária."

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