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Mercado reduz previsão para alta da taxa Selic em 2008

Por Fernando Nakagawa
Atualização:

O mercado financeiro começou a reavaliar o cenário para os juros básicos nos próximos meses. Em meio à crise financeira internacional e a expectativa de desaquecimento mais forte da economia, analistas reduziram a aposta para o ritmo de alta dos juros até o fim do ano. Na pesquisa Focus divulgada hoje pelo Banco Central, a expectativa para o patamar da taxa Selic no final de 2008 caiu de 14,75% para 14,5% ao ano. Isso quer dizer que o mercado acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve aumentar o juro duas vezes até dezembro: em 0,50 ponto porcentual nos dias 28 e 29 de outubro e em 0,25 ponto em 9 e 10 de dezembro. A previsão é diferente da vista até a semana passada, quando o mercado apostava em duas altas de 0,50 ponto porcentual. Para o fim de 2009, analistas mantiveram a projeção que aponta para juros em 13,5% ao ano, o que continua indicando o início de um desaperto monetário a partir de meados do próximo ano. Câmbio Pela terceira semana consecutiva, as projeções de mercado para o câmbio em 2009 e 2008 subiram. Na pesquisa Focus, a previsão para o patamar do dólar no fim de 2009 saltou cinco centavos, de R$ 1,85 para R$ 1,90. Há quatro semanas, a previsão estava em R$ 1,77. Da mesma forma, a mediana para o dólar no fim de 2008 subiu de R$ 1,85 da semana passada para R$ 1,90 na pesquisa atual, contra R$ 1,70 de um mês atrás. No mesmo levantamento, a projeção para o câmbio médio no decorrer de 2009 aumentou de R$ 1,84 para R$ 1,87, contra R$ 1,74 de quatro semanas antes. Para a cotação média nesse ano, a projeção subiu de R$ 1,73 para R$ 1,75, ante R$ 1,68 de um mês atrás. PIB O mercado financeiro reduziu a projeção de crescimento da economia brasileira em 2009 e 2008. No documento divulgado hoje pelo BC, a estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano caiu de 3,50% para 3,35%. Há um mês, a previsão estava em 3,60%. Para 2008, a expectativa de expansão do PIB caiu de 5,23% para 5,22%. Apesar da redução, o número esperado ainda é maior que o visto há quatro semanas, quando estava em 5,17%. Na mesma pesquisa, analistas mantiveram a projeção para o crescimento da produção industrial em 2009 em 4%. Há quatro semanas, a previsão de expansão da indústria estava em 4,20%. Para 2008, a estimativa de crescimento da indústria caiu de 5,52% para 5,45%, ante 5,59% de quatro semanas atrás. Inflação O mercado financeiro elevou a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2009 de 4,80% para 4,90%, na primeira alta após cinco semanas seguidas de redução das estimativas. Há quatro semanas, o número estava em 4,97%. Para o IPCA de 2008, a tendência foi a mesma e a projeção passou de 6,20% para 6,23%, mesmo patamar registrado há um mês. No grupo das instituições que mais acertam as projeções colhidas pelo BC, o chamado Top 5, a expectativa para o IPCA em 2009 e 2008 permaneceu inalterada. No cenário de médio prazo, a estimativa para inflação no próximo ano seguiu em 4,67%, e para o ano corrente, em 6,11%. Há um mês, essas estimativas estavam, respectivamente, em 4,98% e 6,25%. A estimativa para o IPC-Fipe em 2009 permaneceu em 4,70%, mesmo número visto há quatro semanas. Para 2008, a estimativa para o IPC-Fipe subiu de 6,38% para 6,40%, ante 6,43% de um mês atrás. Analistas elevaram pela terceira semana seguida as projeções para o IGP-DI em 2009. De acordo com a pesquisa Focus, a projeção para o índice subiu de 5,42% para 5,50%, em relação ao nível de 5,26% registrado há um mês. Para o IGP-M, a estimativa manteve-se em 5,50%, patamar superior ao registrado há quatro semanas, quando estava em 5,35%. Para 2008, os números mantiveram a trajetória de alta. Para o IGP-DI, a projeção subiu de 10,07% para 10,55%, ante 9,77% de um mês atrás. Essa foi a terceira alta seguida do número. Para o IGP-M, a expectativa passou de 10,37% para 10,53%, contra 10,23% de quatro semanas antes. Nesse caso, a estimativa teve alta pela segunda semana consecutiva. Na mesma pesquisa, o mercado manteve suas projeções para a alta dos preços administrados - as tarifas públicas. No levantamento, a estimativa para 2009 permaneceu em 5,10% e para 2008, em 3,70%. Nos dois casos, essa foi a terceira pesquisa seguida em que esses números são repetidos. Há um mês, as medianas estavam, respectivamente, em 5,15% e 3,71%. Contas externas Analistas pioraram ligeiramente suas expectativas para o desempenho das contas externas em 2009. A estimativa para o déficit em conta corrente no próximo ano subiu de US$ 33,1 bilhões para US$ 33,23 bilhões, ante US$ 30,37 bilhões de quatro semanas antes. Para 2008, a projeção de déficit permaneceu em US$ 29 bilhões, ante US$ 27,85 bilhões registrados quatro semanas antes. Para o superávit comercial em 2009, a mediana das expectativas subiu de US$ 12 bilhões para US$ 12,7 bilhões. Para 2008, a projeção de saldo oscilou de US$ 23,88 bilhões para US$ 24 bilhões. Há quatro semanas, as projeções eram de um superávit de US$ 13 bilhões no próximo ano e de US$ 23,73 bilhões neste ano. A estimativa de ingresso de Investimento Estrangeiro Direto (IED) em 2009 manteve-se em US$ 30 bilhões, ante US$ 30,37 bilhões de quatro semanas atrás. Para 2008, o número permaneceu em US$ 35 bilhões pela quarta pesquisa consecutiva.

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