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Mercado saúda corte de juros, mas espera mais do Fed

Analistas querem que órgão invista em outras medidas para sanar economia dos EUA.

Por Bruno Accorsi
Atualização:

Os principais analistas ouvidos pela BBC Brasil saudaram o corte na taxa de juros de 0,25 ponto percentual, anunciado nesta quarta-feira pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano), que fixou a taxa em 4,5% ao ano. Mas esses analistas afirmam que o Fed ainda precisará promover novos cortes e anunciar outras medidas para contornar o quadro atual, que ameaça a economia americana e que foi impulsionado, em boa parte, pela crise no setor imobiliário do país. No entender de Irwin Kellner, economista-chefe do North Fork Bank, o Fed deveria ter sinalizado de forma mais clara que pretende fazer novos cortes de taxas de juros, possivelmente já na próxima reunião do órgão, em dezembro. Kellner diz que os Estados Unidos poderão viver uma recessão se o Fed não tomar ''medidas dramáticas''. Ele afirma que o Fed deve flexibilizar suas reservas e atuar junto aos bancos do país para estimulá-los a renegociar termos de empréstimos que promoveram. A atual crise foi desencadeada por empréstimos hipotecários do tipo subprime, feitos a pessoas com histórico de crédito duvidoso. De acordo com Kellner, a medida é necessária ''porque a infecção não está se espalhando apenas pelos Estados Unidos, mas também por mercados financeiros globais e por instituições financeiras globais''. O diretor do Centro de Estudos de Habitação da Universidade de Harvard, Nicolas Retsinas, afirma que o corte de taxas de juros foi positivio para o setor imobiliário, mas acredita que o Fed precisa ir além. ''O Fed, juntamente com outras agências regulatórias, precisa centrar a sua atenção em formas com apressar o refinanciamento de algumas dessas hipotecas tóxicas. Nos próximos meses, vamos viver uma série de atrasos em pagamentos (de hipotecas). Se não lidarmos com isso, estaremos minando a recuperação do setor'', diz. Ao contrário de Kellner, que afirma ser necessário novas reduções de juros, Retsinas recomenda cautela. ''Ironicamente, se o Fed cortar taxas de juros em demasia, isso poderá alimentar temores inflacionários. O que teria efeitos negativos sobre o setor imobiliário.'' O economista Josh Bivens, do Economic Policy Institute, de Washington, também defende parcimônia no que diz respeito a novas reduções nos juros. ''O corte foi na medida. Se o Fed tivesse promovido uma redução de 0,5 ponto percentual, que teria sido idêntica à que foi feita em setembro, poderia sinalizar que as perspectivas para a economia seriam sombrias'', afirma Bivens. O economista afirma que os Estados Unidos precisam investir em algum tipo de ação regulatória, para impedir práticas de empréstimo irresponsáveis, mas diz que não compete a instituiçõs como o Fed auxiliar bancos que promoveram empréstimos desta natureza. ''Uma ação regulatória precisa acontecer, pessoas precisam ser informadas sobre os empréstimos que estão contraindo, mas não acho que caiba a uma agência governamental ajudar as instituições financeiras que enfrentam dificuldades. Elas sabiam dos riscos que corriam ao fazer tais empréstimos.'' BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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