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Mercado tenso com ameaças renovadas ao Iraque

Declarações do presidente norte-americano contra o Iraque, e o início de conversações para lançar uma ofensiva militar preocuparam os mercados internacionais, que tiveram reações divergentes. Os preços do petróleo subiram e os mercados brasileiros reagiram com pessimismo.

Por Agencia Estado
Atualização:

Os contratos futuros do petróleo dispararam, reagindo aos comentários do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, sobre uma investida contra o Iraque. As bolsas no mundo tiveram um dia mais estável, mais porque já haviam registrado fortes perdas ontem do que por uma melhora de humor. Mesmo assim, algumas registraram perdas importantes. No Brasil, os mercados seguiram pessimistas, ainda que sem exageros, com alta do dólar e dos juros, além de queda na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Bush afirmou que pretende ampliar a campanha para obter apoio no Congresso e formar uma coalizão internacional para lançar uma ação contra o Iraque. O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, irá aos EUA para uma conversa no sábado. O próximo será o primeiro-ministro do Canadá, Jean Chrétien, na segunda-feira. Além disso, o presidente dos EUA vai apresentar argumentos contra Saddam Hussein na reunião da ONU, em setembro. As declarações de Bush intensificaram as preocupações de que se materialize uma ação contra o governo Saddam Hussein e desencadearam uma onda de compras fortes dos contratos futuros de petróleo. O Iraque está cravado sobre uma das maiores jazidas de petróleo do globo. Além disso, teme-se que uma ação no Iraque torne ainda mais sensível a já conturbada situação no Oriente Médio, a região mais rica em petróleo do globo. Em Nova York, os contratos futuros do petróleo cru para outubro subiam 2,12%, para US$ 28,38 por barril. A crise internacional conseguiu tirar parte das atenções dos mercados acionários norte-americanos, que tentavam, sem firmeza, recompor as perdas de ontem. De acordo com analistas, os comentários forneceram ainda mais motivos para que os investidores saíssem do mercado. Na Europa, os negócios foram determinados pelo humor em Wall Street, mas as bolsas tiveram comportamentos divergentes. Na Ásia, o clima também foi mais ameno do que ontem, mas a Bolsa de Tóquio renovou a mínima em 19 anos, com o índice Nikkei-225 cedendo 1,5%. Com poucos negócios e sem notícias de destaque no cenário interno, o dólar voltou a subir com o pessimismo nos mercados internacionais. Mas o Banco Central (BC) já realizou importantes intervenções no câmbio. Segundo operadores, a autoridade monetária teria consultado as mesas e vendido dólares no mercado à vista. Além disso, houve o leilão complementar de linhas de financiamento a exportadores de US$ 60 milhões. As dificuldades externas também afastaram a hipótese de que o BC use o viés de baixa, a autorização para reduzir a Selic - taxa básica referencial da economia, atualmente em 18% ao ano. Se vier o corte no juro, o mercado acredita que ele ocorrerá na próxima reunião mensal do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para os dias 17 e 18. Na Bolsa, a perda de 3,69% nesses primeiros dias de setembro já anula metade dos ganhos de agosto (6,35%). E apesar de ter se recuperado no mês passado, a Bovespa continuou registrando saída de recursos estrangeiros. A sangria em agosto foi de R$ 486,192 milhões, elevando para R$ 1,651 bilhão o saldo negativo acumulado nos oito meses do ano. A sucessão presidencial ficou ofuscada pelos eventos externos. Segundo analistas, o empate de José Serra (PSDB/PMDB), o preferido dos mercados, com Ciro Gomes (Frente Trabalhista) nas últimas pesquisas já foi digerido e está refletido nas cotações. Uma retomada da recuperação das cotações só deve ocorrer, e ainda assim sujeita ao cenário externo, se Serra conseguir se isolar na segunda colocação nas pesquisas de intenção de votos. Mercado Às 15h, o dólar comercial estava sendo vendido a R$ 3,1170; em alta de 0,55% em relação às últimas operações de ontem. Ao longo do dia, o valor mínimo negociado foi de R$ 3,1150 e o máximo, de R$ 3,1550. Com o resultado apurado agora, o dólar acumula uma alta de 34,59% no ano e de 3,55% em setembro. No mercado de juros, os contratos de DI futuro com vencimento em janeiro de 2003 negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros pagavam taxas de 20,290% ao ano, frente a 20,300% ao ano ontem. Já os títulos com vencimento em julho de 2003 apresentam taxas de 23,560% ao ano, frente a 23,600% ao ano negociados ontem. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) opera em queda de 1,46% em 9988 pontos e volume de negócios de cerca de R$ 298 milhões. Com o resultado de hoje, a Bolsa acumula uma baixa de 26,41% em 2002 e alta de 1,39% nos últimos 30 dias. Das 50 ações que compõem o Ibovespa - índice que mede a valorização das ações mais negociadas na Bolsa -, seis apresentaram alta. Os principais destaques são os papéis da Embratel PN (preferenciais, sem direito a voto), com queda de 9,77% e da Globocabo PN, que apresentou queda de 8,00%. Em Nova York, o Dow Jones - Índice que mede a variação das ações mais negociadas na Bolsa de Nova York - apresenta alta de 0,79% (a 8373,6 pontos), e a Nasdaq - bolsa que negocia ações de empresas de alta tecnologia e informática em Nova York - sobe 1,11% (a 1277,84 pontos). O euro opera em queda de 0,52%; sendo negociado a US$ 0,9912. Na Argentina, o índice Merval, da Bolsa de Valores de Buenos Aires, fechou em alta de 1,45% (373,89 pontos). Não deixe de ver no link abaixo as dicas de investimento, com as recomendações das principais instituições financeiras, incluindo indicações de carteira para as suas aplicações, de acordo com o perfil do investidor e prazo da aplicação. Confira ainda a tabela resumo financeiro com os principais dados do mercado.

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