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Mercado tenso indica que Fed voltará a intervir

Por Nalu Fernandes
Atualização:

O estresse no mercado financeiro americano ontem, após nova redução do juro básico e da taxa de redesconto pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) no dia anterior, indica que a autoridade monetária, mesmo com divergências sobre o tamanho do corte, deve ser obrigada a flexibilizar ainda mais a política monetária no país. A avaliação dos analistas em Wall Street é resultado da percepção de que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed vai agir conforme o necessário, como afirmou em comunicado logo após a decisão. Esse compromisso, dizem os analistas, faz com que tanto a maior deterioração nos dados econômicos quanto a piora nas condições do mercado provoquem nova flexibilização. Essa leitura é feita também por aqueles que, logo após a divulgação do comunicado do Fed, disseram que sinais do fim do ciclo de corte do juro básico começavam a surgir. A interpretação de que o fim da flexibilização estaria mais próximo foi alimentada pela combinação da maior ênfase aos riscos de inflação com os dois votos dissidentes favoráveis a uma ação ?menos agressiva?. No entanto, as ponderações não superam as avaliações, feitas também com base no comunicado de terça-feira, de que o Fed manteve a porta aberta para mais cortes da taxa de juros, ao mencionar, por exemplo, o ?enfraquecimento da perspectiva da atividade econômica?. O economista-chefe do Bank of America, Mickey Levy, observa que os votos dissidentes e as observações sobre inflação sugerem que o Fed não perdeu o objetivo de longo prazo: manter a inflação baixa. Porém, ele enfatiza que o Fed ?claramente reconhece o (risco) de enfraquecimento da atividade econômica e o risco potencial representado pelo stress de crédito?. No curto prazo, o consenso em Wall Street é que a prioridade do Fed, já manifestada tanto pelo corte do juro quanto pelas medidas voltadas para a liquidez, é restaurar a ordem no mercado financeiro e limitar o contágio para a economia real. Por isso, o estresse de ontem no mercado financeiro fortalece as avaliações de que a autoridade monetária, com votos dissidentes ou não, ainda terá de agir mais vezes no front dos juros. Com o corte de 0,75 ponto porcentual, o juro básico nos EUA foi reduzido a 2,25% ao ano, ficando abaixo de algumas medidas anualizadas de inflação, o que deixa o juro real negativo em 1,75%.

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