PUBLICIDADE

Publicidade

Mercado vê inflação de 7,77% em 2015, a maior taxa em 12 anos

Economia deve se contrair 0,66% neste ano, segundo o Relatório Focus; piora das perspectivas para o IPCA e para o PIB foi a 10ª seguida

Foto do author Célia Froufe
Por Célia Froufe (Broadcast)
Atualização:

Depois de o IPCA de janeiro ter ficado bastante alto e o de fevereiro, acima das expectativas, analistas do mercado financeiro tiveram que rever suas projeções para a inflação. Houve mudanças para pior em quase todos os indicadores no Relatório de Mercado Focus, divulgado pelo Banco Central. A previsão para o IPCA de 2015 passou de uma alta de 7,47% para 7,77%. 

PUBLICIDADE

Se confirmada, seria a maior inflação desde 2003, quando o IPCA fechou o ano em 9,30%. A inflação deste ano, portanto, ficaria acima do teto da meta do governo, de 6,5%. Esta é a décima semana consecutiva em que há alta das previsões para o IPCA deste ano. Para o final de 2016, a mediana das projeções para o IPCA foi levemente ampliada de 5,50% para 5,51%. 

O Banco Central trabalha com um cenário de alta para o IPCA nos primeiros meses deste ano, mas conta com um período de declínio mais para frente, levando o indicador a ficar no centro da meta de 4,5% no encerramento de 2016. 

É no curto prazo que os preços mostram mais descontrole. Depois da alta de 1,24% de janeiro, revelada pelo IBGE, e de 1,22% em fevereiro, a projeção para a taxa em março, também está acima de 1% agora. De acordo com o boletim Focus, a mediana das estimativas passou de 0,95% para 1,14% - um mês antes, estava em 0,65%. Algum refresco para a inflação mensal é aguardado apenas para abril, quando o índice deve ter alta de 0,58%.

Queda do PIB. Mais uma vez apresentando forte piora, a produção industrial foi o estopim para uma nova correção para baixo das previsões do mercado para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2015. A perspectiva de retração se aprofundou e passou de -0,58% para -0,66%. Esta foi a décima revisão seguida para baixo desse indicador. Para 2016, a expectativa segue um pouco mais otimista, apesar de também ter sido diminuída. A previsão de alta de 1,50% foi substituída pela de 1,40%.

A produção industrial continua como referência para a confecção das previsões para o PIB em 2015 e 2016. No boletim Focus, a mediana das estimativas do mercado para o setor manufatureiro revela uma expectativa de queda de 1,38% para este ano, bem maior do que a previsão de baixa de 0,72% vista na semana passada e de alta de 0,44% de quatro semanas atrás. Para 2016, as apostas de expansão para a indústria foram mantidas em 2,40% de uma semana para outra. Mesmo assim, a mediana está mais baixa do que a vista quatro edições da pesquisa Focus: 2,50%.

Os economistas alteraram também suas estimativas para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB. Para 2015, a mediana das previsões passou de 38,20% para 38,00% - quatro semanas antes esse número estava em 37,20%. No caso de 2016, as expectativas foram ampliadas de 38,90% para 39,15% de uma semana para outra - um mês atrás estava em 37,80%.

Publicidade

Juro em 13%. Depois que o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa básica de juros dos atuais 12,25% ao ano para 12,75% ao ano na semana passada, conforme o esperado, quase não houve mudança para a Selic no Relatório de Mercado Focus. Para a reunião do Copom de abril, foi mantida a expectativa de que o colegiado promoverá um novo aumento da taxa, mas desta vez menor, de 0,25 ponto porcentual, para 13% ao ano. 

Foi mantida a projeção de que a taxa encerrará este ano em 13% ao ano, conforme já constava na edição anterior. Para o fim de 2016, a mediana das projeções também foi mantida em 11,50% ao ano de uma semana para outra. Esta é a décima semana consecutiva que a taxa está estacionada neste patamar. 

Câmbio. As previsões para o comportamento do câmbio neste e no próximo ano mostraram mudanças sutis no Focus. De acordo com o documento, a mediana das estimativas para o dólar no encerramento de 2015 passou de R$ 2,91 para R$ 2,95. Já para 2016, a cotação final ficou paralisada em R$ 3 de uma semana para outra.