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Mercados de olho na desvalorização do peso

Além de monitorar a abertura dos negócios na Argentina, onde o dólar passou a ser negociado por quatro pesos ontem nas casas de câmbio, o mercado financeiro deve reagir à divulgação de dados sobre a inflação.

Por Agencia Estado
Atualização:

A crise econômica vivida pela Argentina voltou a ser o foco das atenções nas manchetes dos jornais. Ontem, os argentinos chegaram a negociar o dólar a quatro pesos, ficando assim a expectativa para abertura do mercado hoje. Já é esperada uma cotação de cinco pesos por dólar. Diante disso, analistas já temem por uma nova ruptura política, com o fim do governo Duhalde. Num passado recente, esta nova escalada da crise do país vizinho seria suficiente para abalar o mercado brasileiro. Contudo, não é o que está ocorrendo por ora. Ontem, com o dólar já batendo em quatro pesos, o real se segurou, com o câmbio brasileiro fechando praticamente estável. Mesmo a bolsa, mais sensível às turbulências, fechou com queda de apenas 0,26% - isto num dia de fortes baixas nas bolsas de Nova York. O mercado não descarta a volta do contágio, que poderia ocorrer, por exemplo, no caso de o governo Duhalde cair e a Argentina entrar numa convulsão sócio-econômica combinada com crise institucional. Mas, até agora, a derrocada do peso não tem sido suficiente para mexer com os negócios no Brasil. O comportamento positivo de alguns indicadores da economia brasileira ajuda a explicar a firmeza do real no momento em que a crise se agrava na Argentina. Desde o segundo semestre de 2001, as contas externas brasileiras vêm melhorando, o que gera a percepção de menor vulnerabilidade brasileira aos choques externos. Ontem mesmo foi divulgado que o saldo da balança comercial já se aproxima de US$ 1 bilhão neste primeiro trimestre e que o déficit em conta corrente de fevereiro caiu a US$ 1 bilhão. Em março, o investimento direto já está perto de US$ 2 bilhões. Com saldo negativo menor com o exterior, o País precisa de menos capital para se financiar, o que reduz a pressão potencial no câmbio. Quanto à corrida eleitoral, um fator de incerteza determinante para este ano, o mercado não se assustou com a pesquisa da Sensus divulgada ontem, que mostrou os candidatos José Serra, Garotinho e Roseana Sarney embolados em segundo lugar - um resultado já esperado. O mercado, porém, segue monitorando as pesquisas e qualquer variação inesperada dos principais candidatos poderá se refletir nos negócios. Inflação Os indicadores de inflação também serão acompanhados hoje. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo referente ao intervalo de 15 de fevereiro a 15 deste mês (IPCA-15) de março, ficou em 0,40%, no topo das expectativas do mercado. À tarde, sai o Índice Geral dos Preços do Mercados (IGP-M) referente ao mês de março, cuja apostas variam entre 0,20% e 0,30%. Números do mercado Há pouco, o dólar comercial para venda estava cotado em R$ 2,3550, com queda de 0,42%. No mercado de juros, os contratos de DI futuro, com vencimento em outubro, negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) pagam juros de 18,320% ao ano frente a 18,270% ao ano negociados ontem. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) operava em alta de 0,84%.

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