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Mercados: dólar pode cair hoje

A crise na Argentina e o leilão fracassado de títulos cambiais na terça-feira foram os fatores que mais afetaram o mercado brasileiro. Porém o anúncio de empréstimo para o governo argentino e o novo leilão de hoje podem acalmar os ânimos.

Por Agencia Estado
Atualização:

A crise argentina tem trazido muito pessimismo aos mercados brasileiros. Há uma convergência de opiniões de analistas a respeito do pacote divulgado essa semana pelo governo argentino para reanimar a economia, engessada pela paridade definida constitucionalmente com o dólar. Como o câmbio está sobrevalorizado, as exportações ficam prejudicadas e as empresas deixam de investir. Assim, qualquer iniciativa para incentivar a produção e o emprego, como propõe o governo é bem-vinda. Mas as medidas são tímidas demais e causam perdas na arrecadação, criando uma situação difícil para as contas do governo. Com isso, é necessário que o Estado se financie no mercado. O alívio ontem foi o anúncio de um empréstimo, por um grupo de bancos internacionais, de US$ 1,2 bilhões em um período de dois anos. Se não resolve os problemas, ao menos afasta uma crise financeira e pode acalmar os mercados. Como cerca de 30% das exportações brasileiras vão para a Argentina, os problemas lá acabam afetando a economia e os mercados financeiros aqui. Governo tentou alongar prazos dos títulos cambiais e agravou a situação Na terça-feira o governo brasileiro tentou alongar o prazo de seus títulos cambiais e ofereceu juros muito baixos para o mau humor dos investidores. Com isso, o leilão fracassou e os bancos saíram comprando dólares, o que fez disparar as cotações da moeda. A cotação de fechamento de ontem, R$ 1,9300 foi a mais alta desde 25 de novembro de 1999. Hoje o governo promoverá novo leilão de NBC-E, os títulos cambiais, em condições mais favoráveis para os investidores, o que pode provocar venda de dólares e baixar as cotações. Mas comércio exterior não garante entrada de dólares Para piorar, os resultados da balança comercial brasileira, em especial nos últimos dois meses, têm decepcionado as previsões mais pessimistas. O aumentos nas importações tem sido tão grande, que o governo já prevê um saldo próximo a zero para o final do ano. A conseqüência é uma disponibilidade menor de dólares no mercado e uma pressão de alta nas cotações. Mercados brasileiros são muito vulneráveis a acontecimentos no exterior Os mercados brasileiros são muito dependentes de recursos externos. Em situações como a atual, com problemas na economia mundial, o País sofre pois precisa pagar juros muito altos para captar recursos no exterior. Além disso, os investidores tendem a procurar ativos mais seguros e as economias emergentes costumam registrar saída de capital. A queda da Nasdaq - bolsa que negocia ações de empresas de alta tecnologia e informática em Nova York - de 5,56% ontem e os altos patamares do petróleo, cujos preços têm oscilado diretamente em função dos conflitos no Oriente Médio, também ajudam a deixar os investidores inseguros.

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