PUBLICIDADE

Publicidade

Mercados em momento de muita instabilidade

Ontem os mercados internacionais abriram em quedas recorde e fecharam em altas impressionantes. O momento é de muita instabilidade, o que representa risco para o investidor. A previsão é de que não haja maior tranqüilidade nas próximas semanas.

Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de quase três semanas de fortes quedas, acumulando uma desvalorização de 17,9%, ontem o índice Dow Jones, que mede a variação das ações mais negociadas na Bolsa de Nova York, fechou em alta de 6,35%. As bolsas do mundo inteiro seguiram a tendência, inclusive no Brasil. Mas ainda é pouco, e muito cedo para se falar em recuperação. Os analistas concordam que o mercado opera em um nível muito baixo, e que a tendência de longo prazo, até para o final do ano, é de retomada. Mas a crise de confiança nos dados contábeis das empresas, o último evento que causou fortes perdas para os investidores, ainda não acabou. Quem aplicou em ações nos Estados Unidos - e 60% da poupança do país está na bolsa - amargou a queda por conta do fim da euforia com o setor tecnológico, a recessão, a guerra contra o terrorismo e agora, as fraudes contábeis que encobriam o estado falimentar de muitas empresas. O pior é que até 14 de agosto não se espera melhora. Esse é o prazo para que presidentes de 945 grandes empresas norte-americanas confirmem a veracidade dos balanços - presentes e passados. Depois disso, qualquer irregularidade renderá penas pessoais contra eles. Analistas consideram possível - até provável - que surjam novos escândalos até lá, o que justifica a aversão ao enorme risco desconhecido de ter em mãos ações de uma possível fraudadora falida. Ou seja, até essa data, não se deve esperar calma, e a recuperação de ontem pode ser revertida a qualquer momento. Dada a gravidade da situação, começam as especulações sobre que efeito essa crise terá na economia real. Por enquanto, o crescimento vigoroso da economia tem sido mantido pelo consumo, mas já se fala em um colapso nos preços dos imóveis, que poderia ser uma das frentes de expansão da crise. As bolsas internacionais estão seguindo passo a passo a evolução dos índices em Nova York, incluindo os mercados brasileiros. Assim, essa crise já é global. Por isso, os investidores torcem para que ela seja breve e restrita aos mercados financeiros. Na dúvida, enquanto os índices todos subiam e desciam ontem, o dólar manteve-se sempre em alta, ainda que a marca recorde de R$ 2,9700 no comercial para venda não se sustentasse por muito tempo. Ainda assim, encerrou o dia no nível mais alto de fechamento desde a criação do real, R$ 2,9460. A crise política brasileira, em meio a um cenário tão conturbado, perdeu o papel de destaque que vinha tendo. Não que a situação esteja melhor, pois os investidores ainda preferem José Serra (PSDB/PMDB), que fica para trás enquanto a disputa pelo primeiro lugar começa a ficar mais acirrada entre Ciro Gomes, da Frente Trabalhista, e Luis Inácio Lula da Silva (PT). Mas ainda há esperanças de reação do candidato governista no final de agosto, quando começa o horário eleitoral, em que Serra tem 40% do tempo. Conforme apurou o repórter Renato Andrade, o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, concedeu entrevista coletiva para acalmar os mercados. Ele reafirmou que se as turbulências do mercado continuarem como estão, é razoável se esperar que o governo brasileiro vá ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo Fraga, a idéia do governo, se for necessário buscar um reforço do FMI, é a de se firmar um compromisso de mais curto prazo, de 6 a 12 meses para facilitar a transição nesse período de escassez de crédito. Para o presidente do BC, o Fundo está muito aberto para uma colaboração com o Brasil. Os investidores temem, porém, que o FMI deixe de se interessar tanto pelo País no caso de um agravamento da crise, que pode se alastrar para muitos países, cenário em que as dificuldades brasileiras perderiam relevância. Mercados O dólar comercial foi vendido a R$ 2,9460 nos últimos negócios do dia, em alta de 0,89% em relação às últimas operações de terça-feira, oscilando entre R$ 2,9300 e R$ 2,9700. No mercado de juros, os contratos de DI futuro com vencimento em janeiro de 2003 negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros pagam taxas de 22,000% ao ano, frente a 22,100% ao ano terça-feira. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em alta de 1,97% em 9937 pontos. Em Nova York, o Dow Jones fechou em alta de 6,35% (a 8191,3 pontos), e a Nasdaq - bolsa que negocia ações de empresas de alta tecnologia e informática em Nova York - subiu 4,98% (a 1290,23 pontos). O euro fechou em US$ 0,9954; uma alta de 0,05%. Na Argentina, o índice Merval, da Bolsa de Valores de Buenos Aires, fechou em alta de 0,33% (364,22 pontos). O dólar oficial para venda voltou a subir para $ 3,62 pesos. Não deixe de ver no link abaixo as dicas de investimento, com as recomendações das principais instituições financeiras, incluindo indicações de carteira para as suas aplicações, de acordo com o perfil do investidor e prazo da aplicação. Confira ainda a tabela resumo financeiro com os principais dados do mercado.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.