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Mercados esperam discurso de ACM

Se o discurso de renúncia do senador não atacar diretamente o governo, os investidores podem abandonar a cautela dos últimos dias e retomar os negócios com mais força. Mas a expectativa pelo swap argentino e a crise energética ainda exigem cautela.

Por Agencia Estado
Atualização:

Está previsto para as 15h15 o discurso de renúncia do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), que prometeu vários ataques: contra o seu desafeto, o senador Jader Barbalho, o PT e o governo. Outros também podem ser atingidos e teme-se que ACM possa lançar fatos novos comprometendo o governo e, especialmente, o presidente Fernando Henrique Cardoso. Porém, não é isso o que o mercado espera, já que o senador não abandona a carreira política e conta com o apoio integral do PFL, partido da base de sustentação do governo. Mesmo assim, em função desse desfecho da crise política, os investidores foram muito cautelosos nos últimos dias. Ainda assim, ensaiava-se ontem uma reação de ações de alguns setores na Bolsa de Valores de São Paulo, também em função da crise energética. Embora ações de empresas de telefonia celular tenham sofrido com a divulgação da possibilidade de um "caladão" - suspensão das transmissões por falta de eletricidade -, papéis do setor elétrico tiveram alta. Ainda é cedo para avaliar o tamanho da crise de energia, já que o plano de redução de consumo nem entrou em vigor, mas alguns avaliam que a resposta da sociedade tem sido positiva, e talvez as avaliações iniciais tenham sido excessivamente pessimistas. A expectativa, porém, é que continuem as fortes oscilações dos mercados nesses primeiros meses de racionamento, já que os efeitos da falta de energia sobre a economia são certos. Outro fator de apreensão é a divulgação, na segunda-feira, da troca de títulos de curto prazo da dívida argentina. Espera-se que o governo tenha êxito na operação, mas ainda não se sabe a que custo. Além disso, apesar do alívio nas contas públicas nos próximos anos, a economia está em depressão e a simples reestruturação dos débitos não garante a retomada do crescimento. A situação é especialmente difícil devido ao sistema de câmbio fixo, já que o peso está sobrevalorizado, comprometendo a competitividade dos produtos argentinos.

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