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Mercados incertos sobre as próximas decisões do Copom

Analistas e investidores do mercado estrangeiro se concentram agora na ata da reunião do Copom, a ser divulgada na próxima semana

Por Agencia Estado
Atualização:

Após verem confirmadas nesta quarta-feira suas apostas de um corte 0,50 ponto percentual na Selic, a taxa básica de juros da economia, decidida ontem pelo Comitê de Política Monetária (Copom), analistas e investidores do mercado estrangeiro se concentram agora na ata da reunião do Copom, a ser divulgada na próxima semana. A expectativa é que o documento poderá sinalizar se o ritmo do corte dos juros será mantido em novembro ou reduzido para 0,25 ponto percentual. Por enquanto, os mercados estão distantes de um consenso em torno do próximo passo do BC, abrindo uma temporada de incertezas. Nuno Camara, economista sênior do Dresdner Kleinwort, acredita que o Banco Central poderá realizar novo corte de 0,50 ponto percentual, o que levaria a taxa básica de juros para 13,25% ao ano. Segundo ele, o "fato da decisão do Copom ontem ter sido unânime e a duração da reunião relativamente curta neste estágio do ciclo de relaxamento é um indicador chave" do que poderá ocorrer no próximo mês. "Isso significa - especialmente quando o consumo privado está crescendo num ritmo relativamente forte - que o BC não vê desequilíbrio imediato entre a expansão na demanda agregada e na oferta agregada e isso, por sua vez, é positivo para a perspectiva inflacionária", disse Camara. "Com o declínio nos preços do petróleo e outras commodities, e a forte performance do real, o BC poderá deixar a porta aberta para um novo corte de 50 pontos base em novembro." Por isso, o analista não acredita que o BC vai alterar substancialmente o tom da ata da reunião de ontem. "Como resultado, a incerteza em torno da reunião de novembro irá além da próxima semana", disse. Expectativa conservadora Já a analista Sandra Utsumi, do Banco Espírito Santo, prevê que o Copom fará um corte de 0,25 ponto percentual em novembro, além de preparar o terreno para uma política de queda de juros mais lenta durante o primeiro semestre de 2007. "Houve vários eventos benignos em 2006 que reduziram a inflação para abaixo da meta de 4,5%, mas eles não devem se repetir em 2007", disse Utsumi. "A perspectiva continua muito favorável para os fundamentos da inflação, mas há crescentes incertezas relativas à dinâmica da expansão gêmea nas políticas fiscal e monetária sobre o comportamento dos preços domésticos." Por isso, observou a analista, a Selic deverá fechar 2006 em 13,5% e no final do próximo ano a taxa deverá ser de 12,5%. Michael Hood, do banco Barlcays Capital, prevê que a ata poderá trazer um tom ligeiramente mais conservador, sinalizando que o BC pretende desacelerar o ritmo do relaxamento monetário num momento não tão distante. "Entretanto, com a inflação provavelmente continuando fraca ao longo do próximo mês, e com nenhuma perspectiva óbvia de uma aceleração econômica forte no curto prazo, continuamos a prever mais um corte de 50 pontos base em novembro", disse. "Após isso, prevemos uma mudança para um ritmo de cortes de 25 pontos base no início de 2007." Hood acredita que o ciclo de relaxamento monetário vai se estender por quase todo o próximo ano. Alfredo Coutino, analista da consultoria Moody´s Economy.com disse que "ainda existe um mais um pequeno espaço para mais um corte nos juros" em novembro. "Se a inflação permanecer baixa e a recuperação econômica ainda enfrentar limitações, poderemos então ver cortes mais agressivos nos próximos meses", disse. "Continuamos prevendo um fortalecimento da atividade econômica, com o crescimento fechando este ano em torno de 3% e acima disso em 2007."

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