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Mercados internacionais recuam com temor de inflação e ata do BC americano

No documento, dirigentes do Federal Reserve defendem a importância de sua política monetária pró-estímulos, mas sugerem diminuir a compra de títulos públicos

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Por Redação
Atualização:

Os principais índices do exterior fecharam em queda nesta quarta-feira, 19, em meio a preocupações renovadas de que a tendência de alta da inflação mundial force grandes bancos centrais a retirar medidas de estímulo mais cedo do que se imaginava. Nesse cenário, a ata do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) foi amplamente esperada pelo mercado.

No documento, divulgado perto do final do pregão, os dirigentes do banco central americano destacaram que a economia dos Estados Unidos segue em recuperação, ajudada pelo avanço da vacinação e pelas medidas de estímulos. No entanto, os executivos destacaram que esse processo de retomada ainda é desigual, principalmente quando se olha para o mercado de trabalho. Além disso, eles apontam que o Fed ainda vai demorar algum tempo até que haja "progressos substanciais" em direção às metas de emprego e inflação - que os executivos voltaram a declarar como sendo "transitória", apesar da alta dos índices.

Federal Reserve se mostrou disposto a alterar sua política monetária, caso seja necessário. Foto: Stefani Reynolds/The New York Times

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Dito isso, boa parte dos dirigentes do BC americano voltaram a ressaltar a importância da política monetária acomodatícia e pró-estímulos adotada durante a pandemia, afirmando que irão ajustá-la conforme o necessário. Porém, para alguns executivos, está na hora de começar a discutir o aperto de algumas medidas de incentivo, principalmente o programa de compra de títulos públicos. Para a economista-chefe para os EUA da Oxford, Kathy Bostjancic, a redução das compras deve começar no início de 2022. 

Não é apenas o Fed que tem sido pressionado para agir diante a alta da inflação nos EUA. Na zona do euro, a taxa anual de inflação ao consumidor foi de 1,3% em março para 1,6% em abril, segundo revisão divulgada hoje. Já no Reino Unido, a inflação saltou de 0,7% para 1,5% no mesmo período. Os avanços já acendem sinais vermelhos no Banco Central Europeu (BCE) e no Banco da Inglaterra (BoE), que também não alteraram suas políticas pró-estímulos.

Bolsas de Nova York

A chance do Fed já começar a discutir um aperto nas medidas de estímulos deixou o mercado de Nova York apreensivo. Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq caíram 0,48%, 0,29% e 0,03% cada. Favorecidos pela possibilidade de recuperação americana, que viria acompanhada do fim das medidas estímulos, como os juros baixos, os títulos do Tesouro dos EUA subiram. Os rendimentos dos papéis com dez e trinta anos avançaram 1,67% e 2,37% hoje.

Bolsas da Europa

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Os temores inflacionários também afetaram a Europa. A Bolsa de Londres caiu 1,19%, enquanto Frankfurt cedeu 1,77% e Paris teve baixa de 1,43%. O índice Stoxx 600, que concentra as principais empresas da região, recuou 1,51%.

As Bolsas de Milão, Madri e Lisboa tiveram quedas acentuadas de 1,23%, 1,58% e 1,11% cada.

Bolsas da Ásia

O clima foi o mesmo na Ásia. Hoje, a Bolsa de Tóquio caiu 1,28%, enquanto o Taiwan teve leve perda de 0,08%. Os dois principais índices chineses ficaram sem sentido único, com o de Xangai em queda de 0,51%, mas o de Shenzhen em alta de 0,14%. 

Na Oceania, a bolsa australiana também ficou no vermelho, com queda de 1,90%, influenciada principalmente pela queda das ações de mineradoras e petrolíferas.

Petróleo

Os contratos de petróleo no mercado futuro fecharam em queda nesta quarta-feira, de olho no avanço das negociações de um novo acordo nuclear com o Irã, que pode resultar em aumento da oferta do óleo, apesar da demanda fraca, devido à covid-19. Além disso, o aumento nos estoques nos EUA preocupou - segundo o Departamento de Energia local, foi registrado um aumento de 1,32 milhão de barris.

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O barril do petróleo WTI com entrega prevista para julho recuou 3,28%, a US$ 63,35, o barril, enquanto o do Brent para o mesmo mês fechou em baixa de 2,98%, a US$ 66,66 o barril. /MAIARA SANTIAGO, FRANCINE DE LORENZO, IANDER PORCELLA E ANDRÉ MARINHO