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Mercados menos tensos com possível acordo

Os mercados não haviam entendido a decisão do Copom de reduzir a Selic, mas uma resposta pode ser a esperança de um acordo político entre os candidatos pela estabilidade ou mesmo um acordo com o FMI. A confirmação da vinda da vice do FMI trouxe esperanças.

Por Agencia Estado
Atualização:

Houve vários sinais ontem de uma movimentação entre as principais forças políticas do país para estabilizar as oscilações das últimas semanas no mercado financeiro. Como o fundo da crise é mesmo político, essa pode ser uma solução, ainda que diferente do que os investidores esperavam, dado o mau desempenho do candidato governista, José Serra (PSDB/PMDB), o favorito do mercado. Ainda é cedo para fazer apostas definitivas para as eleições desse ano, pois Serra terá 40% do horário eleitoral, que se inicia em 20 de agosto, e a presença mídia teve um papel fundamental nos avanços de todos os candidatos à Presidência da República. Mas, no momento, Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, segue com uma liderança confortável nas pesquisas de intenção de voto, embora em queda, e Ciro Gomes, da Frente Trabalhista, está isolado na segunda colocação, muitos pontos à frente de Serra. Com isso, ganha força a tese de que os mercados necessitam garantias dos candidatos oposicionistas no caso de que vençam as eleições. Todos concordam que a situação das contas públicas é delicada, mas plenamente administrável, mas muitos temem que por vontade ou incapacidade de gerir as crises, o Brasil acabe em moratória. Daí os rumores de que o governo estaria negociando um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que daria calibre ao Banco Central, e com garantias dos principais candidatos de respeito às regras e responsabilidade na administração pública. Quando foi confirmada a visita da vice-diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Anne Krueger, ao Brasil na próxima semana, os mercados viram mais uma sinalização nessa direção. O ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, estiveram na Europa e nos EUA tentando acalmar os investidores e conversando com governos e organismos internacionais. Agora seria o momento de costurar o acordo internamente com os candidatos, o que os encontros de Fraga estariam sinalizando. Ontem foi a vez do líder da equipe econômica do PT, Aloízio Mercadante., com indicações de um início nas conversas. Com a confirmação da visita de Kruger ao Brasil, os rumores de que o Fundo estaria disposto a apoiar o Brasil aumentaram. O encontro do presidente do BC com Mercadante e outros representantes dos três concorrentes mais fortes ao Planalto indica uma movimentação ao menos no sentido de uma transição mais negociada e ordenada, seja quem for o vencedor. Ao final da reunião de duas horas e meia, depois do fechamento dos mercados, o candidato ao Senado pelo PT negou qualquer menção a um acordo com o FMI, mas indicou que essa foi uma primeira conversa sobre transição de governo. Lula já havia afirmado que não era contra um empréstimo do Fundo, se necessário, mas sim de submeter a política econômica do País às suas regras rígidas. E Mercadante reafirmou que o PT está comprometido em manter a política de câmbio flexível, a responsabilidade fiscal, e respeitar os contratos. O mesmo que José Dirceu e Guido Mantega, da equipe econômica do PT, estão dizendo na Europa e Estados Unidos essa semana. Segundo Mercadante, o acordo do FMI, embora não descartado, ainda nem foi iniciado e é um último recurso. E admitiu que voltará a se reunir com Fraga, indicando que as conversas não se esgotaram. Ainda cautelosos, os investidores acompanham esses eventos com muita atenção. Apesar das fortes quedas novamente em Nova York, os sinais de entendimento político interno aliviaram um pouco a pressão sobre o mercado. O dólar comercial foi vendido a R$ 2,8510 nos últimos negócios do dia, em queda de 1,59% em relação às últimas operações de quarta-feira. No mercado de juros, os contratos de DI futuro com vencimento em janeiro de 2003 negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros pagaram taxas de 21,000% ao ano, frente a 21,200% ao ano quarta-feira. Já os títulos com vencimento em julho de 2003 têm taxas de 24,850% ao ano, frente a 26,050% ao ano negociados quarta-feira. E a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em alta de 0,54% em 10812 pontos. Nos mercados internacionais, o clima foi de pessimismo novamente. O Dow Jones - Índice que mede a variação das ações mais negociadas na Bolsa de Nova York - fechou em queda de 1,56% (a 8409,5 pontos), e a Nasdaq - bolsa que negocia ações de empresas de alta tecnologia e informática em Nova York -caiu 2,88% (a 1356,95 pontos). Na Argentina, o índice Merval, da Bolsa de Valores de Buenos Aires, fechou em alta de 1,71% (381,74 pontos) e dólar oficial foi vendido a $ 3,55 pesos. Não deixe de ver no link abaixo as dicas de investimento, com as recomendações das principais instituições financeiras, incluindo indicações de carteira para as suas aplicações, de acordo com o perfil do investidor e prazo da aplicação. Confira ainda a tabela resumo financeiro com os principais dados do mercado.

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