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Mercados mexicanos sofrem reflexo da crise brasileira

Por Agencia Estado
Atualização:

A tese, muito em voga nos últimos meses, de que o México se "descolou" da América Latina pode estar começando a enfrentar o seu teste mais rigoroso. Os mercados mexicanos viveram ontem um dos seus piores dias desde a crise cambial no país em 1994. A bolsa de valores mexicana despencou 5,29% e a moeda do país, o peso, caiu 2%, atingindo o seu menor nível desde 1999. Diante disso, analistas para mercados emergentes que nos últimos tempos vêm concentrando as suas preocupações com o Brasil, começam a prestar maior atenção ao comportamento da segunda maior economia da América Latina. As perdas registradas pelos ativos mexicanos nos últimos dias foram causadas por uma combinação de fatores. O principal deles é a incerteza sobre os rumos da economia dos Estados Unidos, país que é o grande parceiro comercial mexicano. Além disso, o clima de enorme aversão ao risco entre os investidores está concentrado neste momento na América Latina devido à sucessão presidencial no Brasil. Como a possibilidade de Lula, do PT, vencer no primeiro turno foi reforçada nos últimos dias, causando nova pressão sobre o real e elevação do risco brasileiro, esse sentimento negativo também teve reflexo nos ativos mexicanos. Por fim, a possibilidade uma greve entre os trabalhadores da estatal petrolífera mexicana Pemex completou o clima de nervosimo. Os analistas salientam que seria um exagero afirmar que o México pode estar sofrendo um contágio direto do Brasil. Segundo eles, o país, ao lado do Chile, conta com uma classificação de investment grade (grau de investimento) das agências de classificação de risco e apresenta uma situação financeira considerada sólida. "Mas nesse clima de enorme aversão ao risco nos mercados globais, a América Latina é o principal ponto de preocupação e sempre há uma tendência de ver a região como um todo, o que pode estar de alguma maneira afetando o México", disse José Manuel Martínez, o analista do setor de pesquisa do banco espanhol Caja Madrid. "Além disso, o país conta também com grande necessidade de financiamento externo e os investidores podem ficar preocupados com as perspectivas de longo prazo caso a situação externa não melhore." A analista para América Latina do departamento de Risco do Deutsche Bank, Maria Laura Lanzeni, também ressalta que a economia mexicana é "relativamente sólida" e que, ao lado do Chile, apresenta uma situação muito diferente de outros países latino-americanos. Ela observou que o peso mexicano estava sobrevalorizado e pode estar sofrendo um ajuste que já era previsto e necessário. "Mas é possível que esse clima de incerteza com o Brasil e a América Latina pode está tendo um impacto, embora indireto, nos mercados mexicanos."

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