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Mercados mundiais extremamente pessimistas

A Bolsa de Nova York segue despencando desde 8 de julho, de níveis já relativamente baixos. Hoje chegou a cair 5%, e o pessimismo nos EUA se alastra pelo mundo, atingindo também os mercados brasileiros.

Por Agencia Estado
Atualização:

O índice Dow Jones, que mede a valorização das 30 principais ações da Bolsa de Nova York caiu vertiginosamente, dando seqüência a um conjunto de fortes baixas iniciado no dia 8 de julho, acumulando, desde então, queda de 15,06%. No fechamento de hoje, o indicador caía cerca de 4,64%, para 8019,3 pontos, depois de bater nos 7966,7 pontos. Esse foi o nível mais baixo desde 15 de outubro de 1998. Mesmo o fundo do poço atingido no dia 21 de setembro, após os atentados terroristas nos Estados Unidos, foi superado pelo pessimismo de hoje. A Nasdaq - bolsa que negocia ações de empresas de alta tecnologia e informática em Nova York - acompanhou, caindo 2,79% (1319,07 pontos). A razão das quedas é a crise de confiança do investidor nas bolsas. Depois da euforia vivida na era Clinton, os preços das ações vem caindo nos últimos dois anos, trazendo fortes perdas ao público. E nos últimos meses, começaram a pipocar dezenas de constatações de fraudes contábeis que, quando descobertas, mostraram um quadro muito ruim das empresas envolvidas, e perdas graves aos seus acionistas. O problema é que essas são as principais corporações do país, algumas à beira da falência, como Enron (que comprou elétricas brasileiras) ou WorldCom (a controladora da Embratel), prestes a pedir concordata. Nesta semana, várias empresas divulgaram seus balanços, em grande parte sem surpresas, mas com projeções pessimistas de ganhos em 2003. As mais recentes notícias de fraudes contábeis foram na AOL Time Warner. E a Johnson & Johnson´s segundo a imprensa norte-americana, estaria sob investigações criminais por fraude contra o FDA - órgão que regula produtos alimentícios e farmacêuticos. As ações voltaram a despencar, puxando os mercados no mundo inteiro. As bolsas européias também amargaram fortes perdas. Em Paris, o CAC-40 fechou hoje com queda de 5,4% e em Londres, o FTSE-100 acumulou perda de 4,5%. O DAX, da bolsa de Frankfurt, caiu 5,09%. Às 18h, o euro era negociado a US$ 1,0114; uma alta de 0,11%. A profundidade da crise não deve ser subestimada. As investigações alcançam o vice-presidente dos Estados Unidos, que nos anos 90 era presidente da Halliburton, e está sob suspeita de fraude, e até o presidente. George W. Bush, segundo informes, teria tomado empréstimos subsidiados da empresa da qual era sócio e diretor, também nos anos 90, e ainda teria usado informações privilegiadas para ganhar com a venda de ações (acusação também feita ao vice), o que é um crime federal nos EUA. Os mercados brasileiros tentaram resistir, e o choque não foi tão forte. O fato é que os mercados brasileiros já estavam muito pessimistas com o bom desempenho dos candidatos oposicionistas à Presidência da República, que assustam os investidores a cada vez que falam em mudar o modelo econômico do País. Porém, nas duas últimas semanas, houve uma série de aproximações entre os candidatos e o governo com a comunidade financeira internacional. O resultado será uma visita da vice-diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Anne Krueger, ao Brasil e muitas conversas entre representantes do governo, organismos internacionais, governo dos EUA, representantes dos candidatos e investidores. Se as maiores esperanças são de um acordo de transição com o FMI com a anuência dos principais presidenciáveis, incluindo compromissos de política econômica, o mercado pelo menos já observa um abrandamento no discurso dos candidatos oposicionistas. Mas a conjuntura internacional não está permitindo uma recuperação dos mercados nacionais. Pelo contrário, o máximo que se tem observado são reações menos pessimistas do que no exterior. O dólar comercial foi vendido a R$ 2,8660 nos últimos negócios do dia, em alta de 0,53% em relação às últimas operações de ontem, oscilando entre R$ 2,8460 e R$ 2,8830. Com o resultado dessa sexta-feira, o dólar acumula uma alta de 23,75% no ano e 1,63% em julho. No mercado de juros, os contratos de DI futuro com vencimento em janeiro de 2003 negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros pagam taxas de 21,120% ao ano estáveis em relação a ontem. Já os títulos com vencimento em julho de 2003 têm taxas de 24,560% ao ano, frente a 24,850% ao ano negociados ontem. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em queda de 2,12% em 10583 pontos e volume de negócios fraco, de R$ 354 milhões. Com o resultado de hoje, a Bolsa acumula uma baixa de 22,05% em 2002 e 4,99% em julho. Das 50 ações que compõem o Ibovespa - índice que mede a valorização das ações mais negociadas na Bolsa -, apenas cinco apresentaram altas. O principal destaque foram os papéis da Souza Cruz ON (ordinárias, com direito a voto), com valorização de 5,63%. As maiores quedas foram Tele Celular Sul PN (preferenciais, sem direito a voto), com 5,96% e CSN ON, com 5,17%. Não deixe de ver no link abaixo as dicas de investimento, com as recomendações das principais instituições financeiras, incluindo indicações de carteira para as suas aplicações, de acordo com o perfil do investidor e prazo da aplicação. Confira ainda a tabela resumo financeiro com os principais dados do mercado.

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