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Mercados otimistas apesar de crise nos EUA

A viagem do presidente do BC rendeu declarações de apoio do governo dos Estados Unidos e a esperança de um empréstimo para a transição. Os mercados reagiram com forte recuperação, apesar da crise de confiança que derrubou as bolsas no mundo inteiro.

Por Agencia Estado
Atualização:

Enquanto todas as principais bolsas no mundo registravam fortes perdas e muito nervosismo, os mercados brasileiros ensaiavam hoje um certo alívio e as cotações foram se recuperando. A chave para uma reversão no pânico das últimas semanas foram as intervenções diárias no câmbio e a viagem do ministro da Fazenda, Pedro Malan, e do presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga. Eles receberam apoio claro do governo norte-americano e os mercados viram uma luz no fim do túnel. Se o nervosismo que fez o dólar disparar foi causado pelas preocupações com a condução da política econômica pelo próximo governo, a relativa calma surgiu com a esperança de um acordo de transição entre os principais candidatos à Presidência com o aval do Fundo Monetário Internacional (FMI). O convite de Fraga a Aloízio Mercadante, figura central da área econômica do PT e candidato ao Senado por São Paulo, alimentou os boatos. O presidente do BC chegou a afirmar que existe a possibilidade real de um acordo com o Fundo. Além disso, analistas destacam que o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva parece estar estagnado, apesar de ainda manter liderança confortável; José Serra, o favorito do mercado, terá sua chance de decolar a partir de agosto, pois controla cerca de 40% do horário eleitoral gratuito; e mesmo Ciro Gomes, da Frente Trabalhista, parece mais palatável. O candidato apareceu bastante na mídia e convenceu muitos eleitores, o que elevou muito as intenções de voto para ele. Nessa onda embarcaram muitas lideranças do PFL, o que o mercado considera uma certa garantia de moderação. Com isso, dólar, juros e risco país despencaram, e a Bolsa de Valores de São Paulo subiu. Os mercados ainda operam em níveis muito cautelosos, mas o ciclo pessimista pode ter sido quebrado. O dólar comercial foi vendido a R$ 2,7940 nos últimos negócios do dia, em queda de 2,00% em relação às últimas operações de ontem, oscilando entre R$ 2,7900 e R$ 2,8600. Com o resultado dessa quinta-feira, o dólar acumula uma alta de 20,44% no ano e reverteu o resultado de julho, apontando queda de 0,92%. No mercado de juros, os contratos de DI futuro com vencimento em janeiro de 2003 negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros pagam taxas de 22,750% ao ano, inalteradas em relação a ontem. Já os títulos com vencimento em julho de 2003 têm taxas de 26,200% ao ano, frente a 26,900% ao ano negociados ontem. Os C-Bonds, títulos da dívida externa brasileira, foram vendidos a 63,000% do valor de face, uma alta de 2,86% em relação aos negócios de ontem. E o risco-país caiu 97 pontos-base para 1.538. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em queda de 2,38% em 10.806 pontos e volume de negócios de 491 milhões. Com o resultado de hoje, a Bolsa acumula uma baixa de 20,41% em 2002 e 2,99% só em julho. Das 50 ações que compõem o Ibovespa - índice que mede a valorização das ações mais negociadas na Bolsa -, apenas 7 apresentaram quedas. As principais altas foram Banco do Brasil ON (ordinárias, com direito a voto), que subiu 11,63%, Globocabo PN (preferenciais, sem direito a voto), com valorização de 9,33% e Tele Celular Sul PN (9,15%). Crise nos mercados internacionais Os bons ventos, porém, foram um fenômeno meramente local. Nos demais mercados mundiais, o clima foi tenso e as quedas, expressivas. Na Ásia, Europa e Estados Unidos, as baixas foram significativas ao longo do dia e muitas bolsas estão operando nos níveis mais baixos em cinco anos, como Londres e Nasdaq, superando o pessimismo dos dias que se seguiram aos ataques terroristas de 11 de setembro do ano passado. A causa principal foi a crise de confiança do investidor nas informações prestadas pelas empresas nos seus balanços. Várias dentre as maiores companhias do mundo estão sob investigação por fraude contábil, e o preço de suas ações despenca. Com isso, quem aplicou nesses papéis com base nas informações disponíveis, perdeu muito dinheiro, e o movimento de saída do mercado acionário é forte. Agora que o vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, está sob investigação e descobriu-se o próprio presidente George W. Bush recebeu dois empréstimos da empresa da qual era diretor, prática que condenou no seu discurso de terça-feira, a desconfiança no sistema disparou. Em Nova York, o clima foi de alívio e recuperação. O Dow Jones - Índice que mede a variação das ações mais negociadas na Bolsa de Nova York - fechou em queda de 0,14% (a 8801,5 pontos), e a Nasdaq - bolsa que negocia ações de empresas de alta tecnologia e informática em Nova York - subiu 2,11% (a 1374,43 pontos). Às 18 h, o euro estava cotado a US$ 0,9884; uma queda de 0,10%. Na Argentina, o índice Merval, da Bolsa de Valores de Buenos Aires, fechou em baixa de 2,99% (373,49 pontos). Não deixe de ver no link abaixo as dicas de investimento, com as recomendações das principais instituições financeiras, incluindo indicações de carteira para as suas aplicações, de acordo com o perfil do investidor e prazo da aplicação. Confira ainda a tabela resumo financeiro com os principais dados do mercado.

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