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Mercados: perspectivas para a próxima semana

Os investidores seguem reafirmando otimismo moderado com a economia brasileira em 2002, e esperam um corte na Selic no curto prazo. Os índices de inflação de janeiro e o pacote argentino podem definir a velocidade da queda dos juros.

Por Agencia Estado
Atualização:

Num ambiente de estabilidade e otimismo moderado, as atenções dos analistas estarão concentrados na divulgação dos primeiros índices de inflação do ano, em função das expectativas de quedas nos juros, e na implementação do pacote econômico argentino, que deve ser divulgado em detalhes no sábado. As boas perspectivas para o Brasil, se confirmadas, manterão o otimismo dos investidores, mas um agravamento da crise argentina ou surpresas nos indicadores econômicos brasileiros podem pressionar dólar e juros, e derrubar a Bolsa, ainda que as perspectivas de longo prazo sejam positivas. Ao longo do ano, os dois principais elementos definidores do ambiente para os mercados são a sucessão presidencial e a retomada do crescimento da economia norte-americana. Mas, nesses primeiros meses do ano, as especulações sobre o sucessor de Fernando Henrique Cardoso parecem prematuras, e a candidatura de Roseana Sarney trouxe tranqüilidade aos investidores, preocupados com a possibilidade de ruptura do modelo econômico. E, como só se espera que a economia dos EUA reaja a partir de meados do ano, ainda é cedo para surpresas ou mesmo para a confirmação dessa previsão. Por enquanto, a preocupação maior é com a inflação e com a Argentina. A meta de inflação para este ano, de 3,5% pelo Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA), com uma margem de 2 pontos porcentuais, é apertada. Com isso, ficam limitadas as possibilidades de quedas nos juros. As próprias projeções do governo indicam que haverá folga para quedas nos juros em 2003, mas estão previstos muitos aumentos de preços administrados em 2002. Ainda assim, muitos apostam numa queda da Selic - a taxa básica referencial da economia - no curto prazo. O argumento a favor dessa posição é a queda nos preços dos combustíveis, um reajuste menor do que o esperado das tarifas de eletricidade e a estabilidade do dólar nos atuais patamares, que limita os reajustes de produtos importados. Além desses fatores de alívio sobre os preços, a previsão é de que a inflação já esteja em tendência de queda. Nesse contexto, para muitos analistas, a Selic estaria elevada demais. Porém, o Comitê de Política Monetária (Copom), que se reúne no dia 23 para discutir a Selic, pode preferir adotar uma postura mais conservadora e realizar o corte no juro apenas na reunião de fevereiro, em função dos índices de inflação e da instabilidade na Argentina. Não há sinais de que a crise no país vizinho esteja contaminando os negócios no Brasil, mas isso pode mudar. Pacote argentino terá seu teste de fogo Quanto à Argentina, apesar de todos os riscos e da enorme instabilidade, parece que o pior, ao menos do ponto de vista político, já passou. O presidente Eduardo Duhalde tem estatura política e terá um mandato de dois anos, o suficiente para estabelecer uma reforma do regime econômico que tire o país da crise. Porém, não se pode subestimar a gravidade da situação nem as falhas do pacote em discussão. O governo enviou hoje para o Congresso, não as medidas econômicas, mas uma solicitação de poderes especiais para legislar por decreto-lei sobre alguns assuntos durante os próximos dois anos. O pacote será divulgado em seguida. Conforme apurou a enviada da Agência Estado a Buenos Aires, Paula Puliti, no projeto de lei, o Executivo pede autorização prévia para fixar novo tipo de câmbio entre o peso e o dólar, regular preços, pesificar os saldos devedores dos cartões de crédito, liberar depósitos em dólar em um prazo a ser definido e a criar de um imposto de exportação sobre derivados de petróleo. Com isso, o governo tentará controlar a desvalorização do peso e a remarcação de preços. O problema é que para os produtos e matérias primas importados, segurar os preços será muito difícil. E se houver uma corrida ao câmbio, o governo não terá armas para conter a alta do dólar, pois as reservas cambiais estão em níveis perigosamente baixos. Os maiores temores dos mercados são de que o governo não tenha os meios para conter o pânico nesse primeiro momento e de que a população não aceite o pacote. Os depósitos bancários continuam enfrentando restrições para os saques, grande parte da população e das empresas está endividada em dólares e serão necessários mais cortes nos gastos públicos para que a inflação não saia do controle. Há o risco de que os protestos populares inviabilizem o pacote, e, nesse caso, o governo pode sair desmoralizado e sem meios para solucionar a crise nacional. Não deixe de ver no link abaixo as dicas de investimento, com as recomendações das principais instituições financeiras, incluindo indicações de carteira para as suas aplicações, de acordo com o perfil do investidor e prazo da aplicação. Confira ainda a tabela resumo financeiro com os principais dados do mercado.

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