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Mercados reagem mal ao leilão na Argentina

Bolsa em queda. Dólar e juros em alta. O mercado financeiro no Brasil reage à perspectiva de altas taxas no leilão de títulos argentinos de hoje. O temor é que essa tendência negativa contamine as taxas de juros pagas nos papéis brasileiros.

Por Agencia Estado
Atualização:

O mercado financeiro no Brasil começou o dia operando em função do cenário econômico e financeiro na Argentina. Hoje o governo do país vizinho leiloa US$ 1,1 bilhão de Letras do Tesouro (Letes) e, apesar de haver demanda por parte dos bancos argentinos, o patamar para as taxas de juros esperadas para a operação é muito elevado. No Brasil, em função das estreitas relações comerciais entre os dois países e da tendência do investidor estrangeiro generalizar as condições de boa parte dos países da América Latina, o mercado financeiro está reagindo de forma negativa. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) opera em queda de 1,67%. O dólar comercial está em alta de 1,34% e está cotado a R$ 1,9660 na ponta de venda dos negócios - cotação máxima do dia. Os contratos de juros de DI a termo - que indicam a taxa prefixada para títulos com período de um ano - pagam juros de 18,480% ao ano, frente a 18,200% ao ano ontem. A situação na Argentina vem preocupando os investidores nos últimos dias. O país ainda não definiu como vai financiar suas dívidas no próximo ano. O orçamento está em fase de aprovação no Congresso e prevê corte de gastos no valor de US$ 700 milhões. Analistas consideram que a aprovação desse orçamento no Senado, que deverá ser feita após a passagem pelo Congresso, é o principal entrave para essa questão. Enquanto as perspectivas para 2001 na Argentina ainda não estão definidas, os investidores reagem mal. Porém, o consultor Nathan Blanche, da consultoria Tendências, vê exagero na oscilação dos mercados. Ele acredita que a alta do dólar vem sendo exagerada. O normal, para Blanche, é a moeda americana passasse a oscilar entre R$ 1,90 e no máximo R$ 1,95. Mas, mesmo após o pior momento de oscilação externa, o consultor não acredita que a moeda norte-americana recue para um patamar abaixo de R$ 1,90. Nathan considera que o caminho para a Argentina dominar as pressões do mercado é obter um aval dos organismos internacionais, que têm plena consciência da situação do país. Mas essa pode ser apenas uma medida paliativa na opinião de Júlio Ziegelmann, diretor de renda variável da BankBoston Asset Management. Ele observa que um pacote de ajuda preparado por bancos estrangeiros poderia amenizar o problema na Argentina mas dificilmente isso será liberado se o país não tomar alguma atitude concreta que, de fato, resolva o ciclo recessivo na Argentina.

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