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Mercados: tensão e boatos sobre Argentina

A expectativa de um pacote de ajuda internacional para a Argentina e de medidas fiscais para conter o déficit das contas públicas trouxeram ansiedade ao mercado, o que favoreceu a boataria e a especulação. A tensão trouxe muito pessimismo.

Por Agencia Estado
Atualização:

Hoje a tensão sobre a situação argentina gerou boatos no mercado a respeito da negociação de um pacote multilateral de ajuda financeira, aliado a medidas econômicas para reduzir o déficit das contas públicas. economista-chefe do banco Chase Manhattan, Luis Fernando Lopes, disse ao repórter André Palhano, da AE, que deve sair um pacote de ajuda de cerca de US$ 20 bilhões, sendo US$ 12 bilhões do FMI e outros US$ 8 bilhões do setor privado. Porém, o economista acha muito difícil a ajuda sair já, pois há vários pontos pendentes, como a negociação do governo argentino com o Fundo e os investidores, que tende a ser demorada. Fontes oficiais americanas, consultadas pela Agência Estado, entendem que o governo argentino precisa fazer um aperto maior na sua política fiscal, para poder conseguir a elaboração do pacote de ajuda de US$ 10 bilhões. Esta também é a opinião de técnicos do Fundo Monetário Internacional (FMI), sobre a Argentina. Segundo o correspondente Vladimir Goitia, o presidente da Argentina, Fernando de la Rúa, e o ministro da Economia, Jose Luis Machinea, poderão anunciar novas medidas econômicas amanhã, segundo expectativas alimentadas por analistas e operadores do mercado financeiro argentino, mas até agora não confirmadas pelo governo. De acordo com esses rumores, as novas medidas incluiriam a redução do Imposto sobre Valor agregado (IVA), atualmente de 21%, e incentivos fiscais. Um dos motivos de tensão no mercado tem sido a falta de recursos disponíveis, por parte das instituições financeiras argentinas, para a negociação de títulos do governo. Como houve um leilão de US$ 1,5 bilhão na terça-feira, considerado grande para o mercado argentino, não há muita disponibilidade para mais negócios. Na falta de compradores, os juros argentinos continuam subindo, mesmo com as medidas do Banco Central da República da Argentina (BCRA) anunciadas ontem à noite, que devem possibilitar a injeção de US$ 900 milhões no mercado de imediato, de acordo com fontes dos bancos argentinos consultadas pela Agência Estado. As fontes informam que outros US$ 600 milhões poderão entrar também no mercado em conseqüência destas medidas. Basicamente, as medidas anunciadas modificam o percentual do compulsório dos bancos. Mercados nervosos propiciam especulação e boataria Com as incertezas na Argentina, os mercados ficam em compasso de espera, especulando sobre os possíveis desdobramentos da crise econômica no país, que tem efeitos diretos no Brasil. A situação é agravada pelo impasse da eleição presidencial norte-americana, trazendo incertezas à já instável Nasdaq - bolsa que negocia ações de empresas de alta tecnologia e informática em Nova York. Ela operou em baixa o dia todo, assim como a Bolsa de Nova York (Nyse). Os mercados nos norte-americanos ainda estão operando, veja nota com os números de fechamento a seguir. Os juros continuam em alta. Os contratos de juros de DI a termo - que indicam a taxa prefixada para títulos com período de um ano - fecharam o dia pagando juros de 19,000% ao ano, frente a 18,850% ao ano ontem. Esse porcentual, vale lembrar, é bastante superior ao da Selic, a taxa básica referencial de juros diária, que está fixada em 16,5% ao ano e vem num momento em que os índices de inflação estão muito próximos de zero. Acompanhando a contínua alta dos juros, está a do dólar. A moeda norte-americana fechou em R$ 1,9700, com alta de 0,10%%. Essa é a cotação mais elevada desde 28 de outubro de 1999. E a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) acompanhou o pessimismo, fechando em queda de 0,90%. Intervenção no euro O único sinal de tranqüilidade no noticiário internacional hoje foi a intervenção do Banco Central Europeu (BCE) no mercado de moedas a favor do euro. A moeda subiu até US$ 0,8634, de US$ 0,8545 ontem. Com a atuação de hoje, é a quarta intervenção do BCE a favor do euro desde que a moeda foi criada. A primeira, realizada em setembro, foi uma operação conjunta com as principais autoridades monetárias do mundo. Nas demais, o BCE agiu sozinho.

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