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Mercados voltam a tremer no mundo inteiro

A maior concordata da história, pedida ontem pela WorldCom, trouxe mais combustível para as fortes quedas nos mercados mundiais. As principais bolsas do mundo seguem despencando e os mercados brasileiros foram contaminados pelo pessimismo.

Por Agencia Estado
Atualização:

O mercado não esperou para inverter suas posições nesta segunda-feira. A maior concordata da história, pedida pela WorldCom (controladora da Embratel), que há um mês admitiu que seus balanços estavam fraudados, manteve as quedas nas bolsas. Após uma abertura hesitante, com alguns investidores se aventurando a comprar papéis com preços atraentes, a Bolsa de Valores de Nova York virou, carregando junto todas as bolsas européias e operava perto das mínimas no início da tarde. O Dow Jones - Índice que mede a variação das ações mais negociadas na Bolsa de Nova York - abriu com queda de 0,24%, e chegou a cair mais de 3%. Os negócios chegaram a ser suspensos temporariamente por causa da forte baixa. Há pouco, o Dow Jones ostentava uma perda de 0,24%, operando em 8.000 pontos. O Nasdaq - bolsa que negocia ações de empresas de alta tecnologia e informática em Nova York - estava em queda 1,24%, a 1302,74 pontos. A causa é o pessimismo em relação às empresas norte-americanas e de ceticismo em relação ao papel que o atual governo poderá exercer sobre Wall Street. Em meio de mais um dia de muita ansiedade e perdas pesadas nas bolsas, o presidente dos EUA, George W. Bush, tentou acalmar os norte-americanos, repetindo um discurso comum a presidentes de países emergentes. Ao ser perguntado sobre a queda dos mercados acionários, Bush afirmou: "Os fundamentos da economia dos EUA são sólidos". Bush defendeu a permanência do secretário do Tesouro, Paul O´Neill, apesar das pressões para que ele renuncie diante de sua inércia para lidar com a crise de confiança dos investidores. Na Europa, as bolsas abriram em baixa, afetadas por uma série de prognósticos ruins. A abertura do mercado nos Estados Unidos acabou acelerando as perdas e Londres e Paris fecharam nas mínimas do dia. Em Londres, o FTSE-100 caiu 4,95%, encerrando no menor nível em quase 6 anos. Em Paris, o CAC-40 fechou em -5,25%. Em Frankfurt, que encerra as operações mais tarde, o DAX perdia 5,96%. No Brasil, os mercados continuaram reféns do pânico domina o mercado internacional, num movimento idêntico ao verificado na última sexta-feira à tarde. Há pouco, a Bolsa de Valores de São Paulo caía 3,00% (10265). O dólar comercial para venda estava cotado em R$ 2,8710; alta de 0,17%. E no mercado de juros, os contratos de DI futuro com vencimento em janeiro de 2003 negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros pagavam taxas de 21,410% ao ano, frente a 21,120% ao ano ontem. Mesmo já sendo esperado, os investidores reagiram mal ao pedido de concordata da WorldCom. Enquanto nos EUA, as ações da WorldCom chegaram a cair mais de 10%, na Bovespa as preferenciais de Embratel desabaram 8,67% na abertura dos negócios, mas reduziram a queda. No começo da tarde, ações ordinárias (ON, com direito a voto) da empresa brasileira apresentaram valorização de 10,91% e as preferenciais (PN, sem direito a voto), estavem em queda de 0,67%. Além da turbulência externa, a forte queda dos papéis da Petrobras, após o anúncio da assinatura de um acordo preliminar para aquisição do controle acionário da argentina Perez Companc, ajudaram a depreciar ainda mais o Ibovespa. Há pouco, Petrobras ON desabava 6,78%. Embora o negócio seja considerado positivo a médio e longo prazo, nesse primeiro os investidores optaram por se desfazer dos papéis preocupados com o alto grau de endividamento da empresa comprada pela Petrobras e com o risco argentina embutido na transação. No front interno, o mercado acompanhará esta semana todos os passos da visita da número 2 do FMI ao Brasil, Anne Krueger, que se reunirá esta tarde, a partir das 15 horas, com o presidente do BC, Armínio Fraga,no Rio. Amanhã, Anne Krueger se encontra com o ministro da Fazenda, Pedro Malan, e com o presidente Fernando Henrique Cardoso. Essa visita vem sendo cercada de muitas especulações desde o seu anúncio, na semana passada. Muitos investidores estão esperançosos de que a vice-diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) possa emitir sinais de que está sendo costurado um acordo de transição com o Brasil que permitiria ao País atravessar com tranqüilidade os primeiros meses do próximo governo. Mas para alguns analistas, é apenas uma "visita social". Com essa onda de notícias ruins no cenário externo, o mercado deixou em segundo plano os temores com a corrida presidencial. A avaliação é de que a queda de José Serra, do PSDB, e a subida de Ciro Gomes, do PPS, já está refletida nas atuais cotações. Mesmo que as próximas pesquisas que estão para ser divulgadas - amanhã devem sair os números do Instituto Vox Populi - continuem mostrando avanço de Ciro o mercado não deverá reagir tão mal por causa disso, segundo operadores. A possibilidade de Serra não ir para o segundo turno já não causa estranheza. Não deixe de ver no link abaixo as dicas de investimento, com as recomendações das principais instituições financeiras, incluindo indicações de carteira para as suas aplicações, de acordo com o perfil do investidor e prazo da aplicação. Confira ainda a tabela resumo financeiro com os principais dados do mercado.

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