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Mercedes-Benz inaugura fábrica no interior de SP e já adia adoção de 2º turno

Presidente da montadora fez críticas à política econômica do País e cobrou reformas para acabar com o desajuste fiscal

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Fábrica pode produzir 20 mil veículos por ano Foto: Epitácio Pessoa/Estadão

No dia da inauguração da fábrica de automóveis da Mercedes-Benz no Brasil, com investimentos superiores a R$ 600 milhões, o presidente da montadora alemã no Brasil e CEO América Latina, Philipp Schiemer, fez duras críticas à política econômica do País e cobrou reformas para acabar, principalmente, o desajuste fiscal nas contas públicas. "O maior problema do Brasil é o desajuste fiscal. O investidor olha as contas públicas desajustadas e considera difícil investir", disse Schiemer logo após a cerimônia de abertura da unidade produtiva, em Iracemápolis (SP).

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Sem comentar questões políticas do País, o presidente da montadora afirmou que o Brasil "perdeu toda a credibilidade" conquistada nos últimos anos e ampliou as críticas para o campo da macroeconomia, citando a inflação alta e a volatilidade cambial como entraves adicionais para a retomada. "O Brasil tem que voltar a crescer e a inflação cair; o cenário não está a vista no longo prazo", avaliou.

A unidade inaugurada hoje tem capacidade de produção máxima de 20 mil unidades por ano caso os dois turnos fossem completos. No entanto, a montadora deve iniciar a produção com 12 mil veículos de capacidade em um turno e com a suspensão de um segundo turno de produção, planejado para 2017, por conta das incertezas econômicas e do mercado.

Com isso, a unidade começa a produção com 500 funcionários e os planos de dobrar a força de trabalho também estão suspensos. "Não vamos chegar (à capacidade máxima da fábrica) na velocidade que planejávamos. Queríamos iniciar segundo turno em 2017 na nova fábrica, mas não iremos", explicou Schiemer. "Mas a flexibilidade da fábrica faz com que possamos responder rapidamente à reação do mercado".

Câmbio. No curto prazo, Schiemer afirmou que a variação cambial é o maior problema da montadora, que, apesar de iniciar a produção de veículos nacionais, ainda depende de componentes importados para a montagem. "Você olha para o final do ano, vê um dólar a R$ 4 ou a R$ 3,20? Ninguém sabe. O maior problema que temos hoje, em 2016, é o câmbio", completou o presidentes da Mercedes-Benz do Brasil, citando ainda as dificuldades de repassar a alta nos custos para os veículos.

Já Markus Schäfer, membro do Board Mercedes-Benz Automóveis, Produção e Logística, procurou minimizar os efeitos da crise brasileira e afirmou que os investimentos da montadora são feitos para o longo prazo. "Não estamos no Brasil no curto prazo; olhamos para o futuro. O País é uma das maiores economias do mundo e esperamos que as dificuldades sejam superadas", ponderou. 

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