
14 de outubro de 2015 | 14h31
SÃO BERNARDO DO CAMPO - O presidente da Mercedes-Benz no Brasil, Phillipp Schiemer, disse nesta quarta-feira, 14, que o desempenho de vendas da montadora no País, no restante deste ano e em 2016, depende da taxa de câmbio. "Se o dólar se valorizar, teremos de repassar para o preço, terá efeito na inflação", afirmou, em evento de lançamento de novos modelos em São Bernardo do Campo.
No segmento de caminhões, o principal mercado de atuação da montadora no Brasil, as vendas somaram 13.870 unidades entre janeiro e setembro deste ano, retração de 44% em relação a igual período do ano anterior, quando atingiram 24.771 unidades. O recuo acompanha o mercado brasileiro de caminhões como um todo, que caiu 45% na mesma comparação, para 52.683 unidades.
Schiemer afirmou que, apesar da queda do consumo e da depreciação do câmbio, ainda existem algumas regiões brasileiras nas quais os resultados têm sido positivos, como o Maranhão. "Antes, nosso mercado no Nordeste se restringia a Recife e Fortaleza. Agora, em cidades como São Luiz, onde não havia revenda, estamos tendo bons resultados", disse. O executivo também declarou que as regiões mais afetadas são aquelas onde a indústria é mais forte. "Onde o agronegócio é mais forte, as vendas são melhores", afirmou.
Entre 2014 e 2018, a montadora prevê investimentos de R$ 730 milhões no Brasil, sendo R$ 500 milhões na fábrica de São Bernardo do Campo e R$ 230 milhões em Juiz de Fora, Minas Gerais.
Estabilidade. Schiemer lamentou a falta de estabilidade para investir no País e disse que, se ela existisse, mesmo em momento ruim da economia o crescimento seria inevitável em 2016. "Mas se não tivermos previsibilidade, se ficarmos em altos e baixos, aí fica difícil", disse o executivo.
Enquanto isso, declarou Schiemer, a Mercedes-Benz seguirá "arrumando a casa" para estar pronta dar uma resposta rápida caso o mercado apresente uma melhora. "Temos de estar preparados", disse. Sobre lançar novos modelos em período de crise econômica, o executivo explicou que a empresa não pode olhar somente para o momento atual quando decide investir e tomar decisões de produto. "Tem de olhar o longo prazo, o Brasil tem um potencial muito grande de crescimento", afirmou.
O executivo também comentou o andamento do Plano de Proteção de Emprego (PPE) - no qual os funcionários têm redução da jornada e de salários, com metade da perda salarial compensada pelo governo. Ela firmou que a Mercedes-Benz, que aderiu ao programa no fim de agosto, está "muito satisfeita com os resultados".
A companhia conta com 8,9 mil trabalhadores cadastrados no programa. Mesmo com o benefício, a montadora tem hoje, segundo Schiemer, um excesso de 2 mil funcionários trabalhando. Antes da adesão ao PPE, a montadora pretendia demitir 1,5 mil trabalhadores para ajustar suas despesas ao faturamento.
Projeções. Para 2015, o presidente da montadora no Brasil prevê uma produção de 40 mil unidades de veículos pesados, entre caminhões e ônibus. O resultado representa queda em relação ao passado, quando a produção atingiu o patamar de 52 mil unidades. "Para o ano que vem, não adianta fazer previsão. Mas estamos nos preparando para enfrentar um ano difícil", disse.
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