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Mercosul define nova estratégia para negociar com a UE

Por Agencia Estado
Atualização:

Dividir em duas etapas, no que diz respeito à questão comercial, a negociação do Acordo de Associação econômico, diálogo político e cooperação entre União Européia e os países do Mercosul. Esta é a nova estratégia que os latinos usarão com os europeus para tentar acelerar o processo que se iniciou em março de 1999. "A Argentina e o Mercosul aceitam que a questão dos subsídios e da negociação agrícola em geral fique para ser acertada nas negociações multilateriais da Organização Mundial de Comércio (OMC), mas queremos discutir já a questão de acesso a mercado", afirmou o embaixador da Missão da Argentina junto às Comunidades Européias, Roberto Lavagna, no Parlamento Europeu, em Bruxelas, durante a reunião mensal da delegação para as relações com os países da América Latina e Mercosul. Quanto ao acesso a mercado, Lavagna explicou que "devemos ser criativos e criarmos mecanismos" para que a Europa não pague duas vezes ao abrir seu mercado aos produtos do Mercosul e "o que for concedido imediatamente possa valer de crédito quando termina r a Rodada multilateral da OMC". O Mercosul quer agora derrubar algumas tarifas e cotas e propõe aos europeus que isto "poderá valer como crédito" depois que as negociações multilateriais forem fechadas. É como se os países membros da OMC tivessem um jantar marcado para daqui a alguns anos, mas os países do Mercosul quisessem jantar hoje com a UE; ou seja, os europeus podem até concordar com o jantar antecipado na condição de que o que se comer hoje, seja descontado no futuro. Na prática, o Mercosul sabe que as negociações multilateriais demoram anos. A própria OMC, concebida das negociações multilateriais da Rodada Uruguai entre 86 e 88, acabou tendo seu acordo assinado somente em 94, no Marrocos. Exceção e subsídio Sobre a contrapartida dos países do Mercosul, o embaixador argentino explicou, que a proposta inclui "obviamente dar à Europa acesso de mercado onde há barreiras comerciais". Mas abriu uma exceção: "contanto que os produtos europeus não sejam subsidiados no que se refere à pauta dos 24 primeiros capítulos (produtos agrícolas e agroindustriais)?. Fontes comunitárias afirmaram que esta estratégia demonstra a dialética do discurso diplomático. "Ao fazer a exceção, o Mercosul volta a bater na tecla do subsídio", disse a mesma fonte. O diretor para América Latina da Comissão de Comércio, Francisco da Câmara Gomes, afirmou durante a reunião no Parlamento que "todo mundo subvenciona sua agricultura e os subsídios devem ser resolvidos em nível da OMC, através dos países que acreditam em negociações multilaterais, como o Brasil e outros países da América Latina, por exemplo". A nova estratégia do Mercosul deixa a questão: os europeus estão dispostos a jantar antecipadamente? A resposta deve ser conhecida em breve. Dia 8 de abril está marcada, em Buenos Aires, a próxima Rodada de negociação entre Mercosul e UE, além de todo o empenho que ambos os blocos regionais estão fazendo para que se anuncie algo de concreto no Encontro de Madri entre a UE e os paises da América Latina e Caribe. O presidente Fernando Henrique Cardoso confirmou sua presença, estando o Brasil na condição de co-presidência com o México do grupo dos países latino-americanos.

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