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Mercosul discute proposta da União Européia para carnes

Por Agencia Estado
Atualização:

Os coordenadores dos quatro países do Mercosul terminaram na manhã de hoje uma reunião reservada na qual trataram da estratégia do bloco para a retomada das negociações com a União Européia (EU) sobre o acordo de livre comércio. A reunião foi concentrada principalmente na discussão de uma nova proposta européia para o acesso de carnes bovinas e de frango, trigo e álcool do Mercosul ao mercado da UE. Fontes da diplomacia informaram à Agência Estado que a nova proposta européia sobre cotas adicionais para carne bovina é pior que a fórmula apresentada em Bruxelas e que provocou, há cerca de 20 dias, a decisão do Mercosul de suspender aquela rodada de negociações. A nova oferta européia em princípio teria o objetivo de reduzir a participação da carne bovina do Mercosul que ingressa na UE mediante o pagamento de tarifas extra cota. À tarde, terá início a rodada de negociações Mercosul/UE. Embaixador esperava mais O embaixador Régis Arslanian, negociador do Mercosul, esperava uma melhora da oferta agrícola da União Européia na reunião entre os dois blocos nesta terça-feira, segundo informou hoje a BBC Brasil. "Nós consideramos que a proposta feita pelos europeus há duas semanas em Bruxelas, de dividir as cotas agrícolas em dez vezes, seria um retrocesso e não cabe mais haver retrocessos nesse estágio da negociação ", disse Arslanian. O que está em negociação O acordo entre o Mercosul e a União Européia poderá criar a maior zona de livre comércio do mundo, com 29 países, 675 milhões de habitantes e a capacidade econômica conjunta de US$ 11,6 trilhões. Mas as negociações são complexas, e o prazo para o fechamento do acordo é outubro. Caso fossem aceitos os pedidos do Mercosul à UE para a área agrícola, as exportações feitas pelo bloco sul-americano neste setor poderiam aumentar em até US$ 2,6 bilhões. As ofertas européias que estão efetivamente na mesa devem gerar um ganho de no máximo US$ 720 milhões, divididos em duas etapas: uma seria entregue em um prazo de 10 anos a partir do fechamento do acordo, e a outra, depois do fim das negociações da OMC. Os pontos em disputa Enquanto o Mercosul pediu uma cota de 250 mil toneladas para a carne de frango, a UE oferece 75 mil. Para a carne suína, o pedido é de uma cota de 40 mil toneladas, contra uma oferta de 11 mil. O açúcar não foi incluído na oferta da UE para o Mercosul, embora o bloco liderado pelo Brasil tenha feito um pedido de cota de 1,8 milhão de toneladas. O Mercosul pede, para o milho e o trigo, cotas de 4 milhões e 1 milhão de toneladas, respectivamente, enquanto os europeus oferecem 700 mil e 200 mil toneladas. O que se ganha Bruxelas afirma que a proposta agrícola feita ao Mercosul é a maior já oferecida a países de fora da UE. Mas, de acordo com uma análise feita pelo Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), ela não representará um ganho significativo para os países do bloco sul-americano. Isso porque as ofertas de cotas da UE são basicamente a quantidade que o Mercosul já exporta para lá, porém pagando a tarifa inteira estabelecida para os produtos do exterior. Isso significa que, se o acordo com a UE fosse fechado com esses números, o volume de produtos agrícolas exportados pelo Mercosul praticamente não aumentaria. O único ganho dos produtores agrícolas seria exportar com uma tarifa mais baixa, mas não necessariamente exportar mais. Assim, o presidente do Icone, Marcos Jank, acredita que o acordo com a UE será "positivo, mas pouco ambicioso".

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