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Mercosul e UE se reunirão em Lisboa dia 20

Por Agencia Estado
Atualização:

A 23 dias da posse do novo comissariado da União Européia (UE) e do fim do prazo para um acordo de livre-comércio entre os dois blocos, o chanceler Celso Amorim anunciou neste sábado um encontro político entre o Mercosul e o comissário europeu para o comércio, Pascal Lamy, dia 20, em Lisboa. "Há grande interesse. A disposição é tão positiva que, além da presidência (do Mercosul), os quatros chanceleres (do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) estarão presentes", afirmou, ao lado dos colegas estrangeiros, após reunião no Copacabana Palace. O chanceler frisou que, para os quatro países, além dos aspectos comercial e econômico, as negociações com a UE são estratégicas do ponto de vista político. A sondagem para o encontro partiu de Portugal, que a partir de 1.º de novembro estará representado na presidência da Comissão Européia pelo ex-primeiro-ministro João Manuel Durão Barroso. Amorim informou que, em Lisboa, o Mercosul apresentará um documento indicando as principais deficiências da proposta européia e as condições mínimas para um acordo imediato, hipótese hoje considerada remota. O chanceler classificou a última oferta da UE como "inaceitável". Os europeus também reclamam do Mercosul. "Será um documento curto, de duas páginas, não-técnico, no qual exporemos nossa visão da oferta européia e suas insuficiências principais", disse o chanceler brasileiro, sem fornecer detalhes. A UE propôs ampliar cotas quantitativas de importação para produtos agropecuários, mas excluiu o açúcar, do qual o Brasil é o maior produtor e exportador mundial. As cotas de importação de carne também foram consideradas insatisfatórias. Amorim disse que, se as condições mínimas do Mercosul forem aceitas, o bloco sul-americano examinará a possibilidade de ceder em "um ou outro ponto" do acordo. "Não temos moedas na gaveta. Estamos oferecendo tudo no limite. Podemos ver se ainda há margem para uma flexibilização adicional, se as condições mínimas se confirmarem." O chanceler, porém, ressaltou que a margem é muito restrita e não adiantou o que poderia ser oferecido pelo Mercosul. "A hipótese mais favorável é a de que, a partir do dia 20, passemos a ter reuniões técnicas. A pior é deixar tudo sem um horizonte claro", observou Amorim. "Vamos dispostos sobretudo a ouvir. Vamos com otimismo, mas com prudência. Não podemos entrar na partida como se fosse uma final. Temos de estar preparados para, apesar dos esforços, não alcançarmos um acordo." No próximo sábado, os representantes do Mercosul estarão em Brasília para elaborar o documento a ser apresentado em Lisboa. Antes do encontro, Amorim fará contatos com Lamy para estabelecer "parâmetros mais definidos" para a conversa. Participaram da reunião deste sábado os chanceleres Rafael Bielsa, da Argentina, Didier Opertti, do Uruguai, e Leila Rachid, do Paraguai.

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