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Mercosul não é apenas ´nação comum´, diz Garcia

Segundo o assessor da Presidência para assuntos internacionais, o bloco é uma aliança acima de interesses pessoais ou projetos políticos dos chefes de Estado

Por Agencia Estado
Atualização:

O Mercosul não é apenas uma "nação comum", mas uma aliança acima de interesses pessoais ou de projetos políticos dos chefes de Estado dos países membros. A avaliação foi feita nesta sexta-feira pelo assessor da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, logo após ter participado de um café da manhã entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Néstor Kirchner, da Argentina, na suíte de Lula, no hotel Copacabana Palace, zona sul do Rio. "Não estamos construindo uma nação comum. Estamos construindo uma aliança de longa duração que nós queremos que sobreviva ao Lula, ao Kirchner e ao Chávez (Hugo Chávez, da Venezuela)", afirmou Garcia. Essa foi a sua resposta ao ser questionado se durante o café da manhã se os dois presidentes teriam demonstrado algum tipo de receio com instabilidades que poderiam ser geradas no Mercosul pelos processos de adesão da Venezuela, que recentemente anunciou estatizações, e da Bolívia, que nacionalizou os setores de petróleo e gás. De acordo com o assessor, o café da manhã só não foi mais "doce" porque a maioria dos participantes evitou consumir açúcar. "Não houve receio nenhum, absolutamente. Nós entendemos claramente que são decisões de políticas internas que não afetarão. Pode criar alguma espuma, mas consistência não", disse Garcia. O assessor especial de Lula diz não acreditar que a Argentina tenha algum tipo de receio na entrada da Venezuela ao Mercosul. Semana passada, o país vizinho suspendeu uma emissão de bônus no mercado internacional em função de temores do mercado gerados pelas estatizações anunciadas por Chávez. "Essa versão é da imprensa brasileira, a de que a Venezuela gera instabilidade. Se você ver a imprensa internacional, constata o contrário, que os últimos acontecimentos na Venezuela não geraram instabilidade", disse Garcia. Na opinião do assessor, já se foi a época na qual os investidores pensavam que Buenos Aires era a capital do Brasil. "Espero que eles (investidores) não estejam pensando que a capital do Brasil é Caracas", acrescentou. Lula e Kirchner, relata Garcia, preferiram conversar sobre a situação interna de cada país durante o café da manhã. Segundo ele, Lula relatou ao colega argentino algumas das medidas que serão anunciadas segunda-feira no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Kirchner também exaltou as conquistas econômicas e relatou detalhes do processo eleitoral argentino que acontecerá em outubro, além de questões gerais do Mercosul. "Tanto Kirchner quanto Lula falaram que o fator mais importante para a estabilidade do Mercosul são as boas relações entre o Brasil e a Argentina", afirmou. Depois do café da manhã, Kirchner participou da reunião de Cúpula e almoçou no restaurante Porcão, tradicional churrascaria carioca, onde ficou por uma hora comendo carne brasileira. Em seguida, voltou ao Copacabana Palace. colaborou Alexandre Rodrigues

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