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Mercosul negociára antes a Alca e depois com a Europa

Por Agencia Estado
Atualização:

O Mercosul levará uma vantagem em fevereiro de 2003, quando apresentar as propostas de abertura de mercado nas duas principais negociações comerciais nas quais está envolvido ? a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e o acordo com a União Européia. O bloco deverá receber a oferta dos Estados Unidos, na Alca, pelo menos duas semanas antes de trocar a proposta com a da União Européia. Quanto mais ambiciosos forem os negociadores norte-americanos, mais ambição será exigida pelo Mercosul da União Européia. Esse cenário foi apontado nesta segunda-feira pelo embaixador José Alfredo Graça Lima, chefe da missão do Brasil na União Européia. Nesta semana, em Brasília, Graça Lima está coordenando a delegação do Mercosul na rodada técnica sobre os métodos e as modalidades das negociações sobre a liberalização de bens e serviços entre os dois blocos. Tratam-se das regras que servirão como base para a apresentação das ofertas de lado a lado, em fevereiro, e para a conclusão do acordo livre comércio no segundo semestre de 2003, como está previsto no cronograma. Conforme o embaixador, as discussões sobre livre comércio entre os dois blocos são ?reféns? do que vier a ocorrer na Alca. As propostas iniciais do Mercosul e dos Estados Unidos devem circular entre todos os parceiros da Alca por volta de 7 de fevereiro ? o prazo máximo de entrega é o dia 15. A troca de ofertas definitivas com a União Européia ocorrerá até o dia 28 do mesmo mês. Ou seja, o Mercosul conhecerá o que os Estados Unidos estão dispostos a conceder pelo menos duas semanas antes de os europeus enviarem seus compromissos de liberalização do comércio. Terá, portanto, tempo suficiente para mover-se em favor de seus próprios interesses. ?Se a oferta americana for aceitável por nós, poderemos indicar essa nossa satisfação aos europeus, que terão de acompanhar o grau de ambição da proposta dos Estados Unidos?, afirmou o embaixador. ?De outro lado, se nossa proposta for aceita na Alca, não há razão para ser desconsiderada pela União Européia?. Provavelmente, afirmou Graça Lima, os compromissos que serão enviados pelo Mercosul aos norte-americanos e aos europeus serão muito semelhantes. Primeiro, porque a prioridade do bloco sul-americano em ambas as negociações está centrada no acesso de mercado a seus produtos, principalmente agrícolas. Isso envolve diretamente a eliminação de tarifas e de barreiras não-tarifárias ao comércio. Segundo, porque tanto os Estados Unidos quanto a União Européia se mostram reticentes quanto a esse mesmo ponto, mas demonstram grande ambição na abertura do mercado de serviços, em compras governamentais, em investimentos e em regras para o comércio (como a solução de controvérsias). De acordo com Graça Lima, o processo de ampliação da União Européia e as discussões da preservação da Política Agrícola Comum (PAC) intacta até o final de 2006 demonstram que a prioridade de Bruxelas está no mercado interno. Mas o embaixador acredita boa parte dos sócios do bloco europeu considera a América Latina, em especial o Mercosul, como parceira genuína.

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