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Merkel anuncia agenda para crescimento da UE

Declarações marcam mudança de postura da Alemanha, que, até então, defendia basicamente o rigor fiscal

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Por Redação
Atualização:

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, disse neste sábado, 28, que a União Europeia está preparando uma agenda para estimular o crescimento econômico, que será apresentada na Cúpula da região que ocorrerá em Bruxelas, em junho. As declarações marcam uma mudança de postura da maior economia do bloco, que, nos últimos anos, defendeu o rigor fiscal a qualquer custo.

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No entanto, economistas como o prêmio Nobel, Paulo Krugman, vêm afirmando que a receita de apertos fiscais pesados não vai funcionar. Ao contrário, aprofundará ainda mais a recessão. No artigo acima, Barry Eichengreen defende a mesma ideia.

O estímulo maior à expansão econômica, segundo disse Merkel ao jornal alemão Leipziger Volkszeitung, se dará por meio do Banco Europeu de Investimento e dos fundos de infraestrutura da União Europeia - que deverão ser usados de forma mais flexível.

Os comentários fazem parte de uma nova ênfase alemã em medidas de aumento do crescimento, que sejam complementares aos dolorosos aumentos de impostos e cortes de gastos que causaram uma revolta política e popular contra medidas de austeridade na zona do euro.

"Posso nos imaginar fortalecendo ainda mais as capacidades do Banco Europeu de Investimento", afirmou Merkel ao jornal alemão.

A mudança de retórica também ocorre em resposta à probabilidade de o socialista François Hollande vencer o segundo turno da eleição presidencial francesa, no dia 6 de maio. Hollande criticou a ênfase de Merkel em cortes orçamentários e reformas estruturais.

Ainda ontem, Hollande já repercutiu as declarações da chanceler alemã. Segundo ele, a perspectiva de que vença as eleições de maio é "uma hipótese suficientemente séria para modificar a agenda europeia".

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As declarações de Merkel ao jornal complementam outras afirmações, concedidas durante entrevista à emissora pública de rádio alemã NDR. À rádio, a chanceler disse que o pacto fiscal para uma maior disciplina orçamentária na Europa pode ser complementado com um pacto para o crescimento.

"O crescimento não deve custar necessariamente dinheiro", afirmou, frisando que, sem uma política financeira sólida, a Europa não poderá libertar-se da crise da dívida. Apesar disso, ela reconheceu que o pacto fiscal é insuficiente para superar a crise atual na região.

 

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