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Merrill Lynch afirma que recessão nos EUA já começou

Por Regina Cardeal
Atualização:

Os dados sobre o mercado de trabalho divulgados na última sexta-feira nos EUA confirmaram que a economia norte-americana estava em transição para uma recessão no fim do ano passado, afirma em relatório o economista para América do Norte do Merrill Lynch, David A. Rosenberg. Ele lembra que, nos últimos 60 anos, nunca a taxa de desemprego subiu 60 pontos-base (0,6 ponto porcentual) a partir da mínima do ciclo sem que a economia estivesse entrando em recessão. A taxa atingiu 5% em dezembro, ante 4,4% em março de 2007, destaca o analista. As horas trabalhadas caíram a uma taxa anual de 0,4% no quarto trimestre, após um declínio de 0,6% no terceiro trimestre. Quedas seguidas no total de horas trabalhadas sempre foram associadas a recessão, afirma Rosenberg. Entre outros indicadores do mercado de trabalho consistentes com as recessões passadas, o analista destaca que o nível de desemprego subiu 13% na comparação ano a ano. Rosenberg afirma que a declaração oficial de recessão é feita pelo Bureau Nacional de Pesquisa Econômica (NBER, na sigla em inglês), que aguarda por evidências conclusivas, incluindo revisões de dados, e pode levar pelo menos dois anos para dar a palavra final. "O NBER analisa quatro amplas categorias (não se trata aqui de dois trimestres de crescimento negativo real do PIB - de fato, o site da NBER define recessão como ''um declínio significativo na atividade econômica espalhada pela economia, durando mais do que uns poucos meses'')", explica. Estas categorias incluem emprego, renda pessoal real, produção industrial e vendas reais nos setores de manufatura e varejo. Ao juntar as peças depois dos dados de emprego de dezembro de sexta-feira, há indícios fortes de que a economia norte-americana está no primeiro mês de recessão, afirma Rosenberg. "Segundo nossa análise, não se trata mais de uma previsão, mas de uma realidade nos dias atuais." De acordo com Rosenberg, a recessão típica dura em torno de dez meses e costuma incluir uma queda de 60% do índice de ações S&P. "Portanto, quem está no mercado em busca de compras na mínima, os dados históricos indicam que se deve esperar até maio ou junho", disse.

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