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Meta de inflação pode ser superada no 3° trimestre, diz FMI

Por Agencia Estado
Atualização:

O memorando de política econômica da terceira revisão do acordo do Brasil com o FMI, divulgado nesta quinta-feira, diz que existe um risco de os limites superiores das bandas de inflação serem ultrapassados no segundo e no terceiro trimestre de 2002. "As perspectivas inflacionárias continuarão sendo analisadas durante a quarta e última revisão trimestral do programa e o Banco Central prosseguirá um intercâmbio regular de opiniões com a equipe técnica do Fundo a respeito da evolução da política monetária. O Banco Central continua pronto para reagir às mudanças da inflação projetada com a finalidade de atingir as metas inflacionárias", diz o texto do documento divulgado pelo Ministério da Fazenda. O limite superior da banda de inflação para o segundo trimestre é de 7,3% acumulado em 12 meses, enquanto que o do terceiro trimestre é de 6,2% também acumulado em 12 meses. A inflação medida pelo IPCA em 12 meses até maio está em 7,77%. PIB/dívida O Memorando de Política Econômica da 3ª revisão do acordo com Brasil com FMI projeta uma dívida líquida do setor público estabilizada neste ano em 55% do PIB. No memorando anterior, a projeção era de 54% do PIB. O documento também ressalta que o plano de financiamento da dívida para 2002 estima que o estoque da dívida de títulos indexados à taxa de câmbio deverá declinar para um intervalo de 25% a 30% da dívida, enquanto que para os pós-fixaos a estimativa ficou entre 51% e 56% da dívida. Dentro do plano de financiamento da dívida, também se estimou que os títulos com prazo de vencimento inferior a 12 meses deverão representar algo entre 26% e 29% da dívida. Crescimento menor O memorando também projeta um crescimento real da economia para 2002 entre 2% e 2,5%. Na segunda revisão, a projeção estava cravada em 2,5%. As demais projeções para o superávit da balança comercial, o déficit em conta corrente e investimento direto ficaram praticamente estáveis. Para a balança comercial, a estimativa é a mesma de US$ 5 bilhões previsto no último memorando. Para o déficit em conta corrente, a projeção aumentou ligeiramente de US$ 20,6 bi para US$ 20,7 bi, enquanto as estimativas de investimento direto permanceram nos mesmos US$ 18 bi do último memorando. O documento divulgado pelo Ministério da Fazenda destaca que esse valor de investimento direto corresponde a 87% do déficit em conta corrente projetado para 2002. Balança de pagamentos O FMI passou a projetar também um déficit do balanço de pagamentos em 2002 de US$ 4,4 bilhões. O valor é maior do que os US$ 2,5 bilhões da projeção anterior em função do pagamento antecipado feito pelo Brasil ao FMI de US$ 4,5 bilhões. As estimativas de reservas brutas recuaram, de acordo com o mesmo documento, de US$ 33,4 bilhões para US$ 31,5 bilhões para o final do ano. As previsões para as reservas líquidas (sem os recursos do FMI) para o final deste ano aumentaram de US$ 27,8 bilhões para US$ 27,9 bilhões. Piso das reservas A terceira revisão do acordo firmado entre o Brasil e o Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgada esta tarde pelo governo, trouxe apenas duas alterações significativas em relação à segunda revisão, divulgada em março passado. Além do novo critério de contabilização dos investimentos da Petrobras no cálculo do resultado primário das contas do setor público consolidado, foi alterado o piso das reservas internacionais, que passou de US$ 20 bilhões para US$ 15 bilhões, conforme já havia sido anunciado na semana passada pelo ministro da Fazenda, Pedro Malan. Houve ainda uma mudança com relação às projeções de receitas de privatização e reconhecimento de "esqueletos" em 2002. De acordo com o Memorando Técnico de Entendimento (um dos dois documentos da terceira revisão), as receitas de privatização estimadas para este ano subiram de R$ 5,963 bilhões para R$ 7,676 bilhões. No caso do reconhecimento de passivos (os chamados esqueletos), o governo acredita que eles somaram ao final do ano R$ 27,683 bilhões. Na segunda revisão do acordo, de março deste ano, a estimativa de reconhecimento de esqueletos somava R$ 16,719 bilhões. As demais metas e indicadores econômicos incluídos no Memorando Técnico de Entendimento mantiveram-se inalterados. É o caso da meta indicativa da dívida líquida do setor público consolidada, que continua em R$ 730 bilhões para o final de setembro. As íntegras dos memorandos "técnico de entendimento" e de "política econômica", da terceira revisão do acordo com o FMI, já estão no site do Ministério da Fazenda na Internet. Intervenções no câmbio O Memorando Econômico da 3ª revisão do acordo entre o Brasil e o Fundo Monetário Internacional pondera que as intervenções diretas ou indiretas do Banco Central no mercado à vista de câmbio devem se limitar apenas às circunstâncias extraordinárias. De acordo com o documento, a decisão do BC de interromper as intervenções diárias no mercado de câmbio e passar a rolar apenas o principal dos títulos cambiais vincendos já seguiu essa linha de ação. Apesar disso, o documento ressalta que o BC procurará reduzir o grau de sensibilidade da dívida interna às flutuações da taxa de câmbio.

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