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Meta de Lula na Rússia é vencer embargo à carne

Por Agencia Estado
Atualização:

O alcance restrito da febre aftosa detectada em Mato Grosso do Sul e a garantia de que a doença está sob fiscalização permanente do governo serão os principais argumentos com que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende convencer o colega russo, Vladimir Putin, a rever o embargo à importação da carne brasileira, decidido no início da semana passada. Lula dirá que se trata de um fato isolado e que foram atingidas menos de 600 cabeças de gado, em um universo de mais de 200 milhões. Insistirá ainda no fato de que o foco está em apenas uma fazenda de um Estado brasileiro. A suspensão das compras russas tornou-se o principal tema da visita do presidente Lula a Moscou, que vai durar menos de 24 horas. A Rússia é o maior comprador da carne brasileira. Entre janeiro e agosto, o Brasil exportou US$ 364 milhões em carne para os russos. O país, no entanto, é também um dos mais exigentes em relação à qualidade e às garantias sanitárias do produto que importa. Lula chega às 22h30 de segunda-feira e volta ao Brasil às 21h45 de terça. Rigor Na sexta-feira, os ministros das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, e da Rússia, Serguei Lavrov, tiveram uma conversa preliminar sobre o embargo à carne brasileira. Amorim argumentou que a restrição russa era muito rigorosa, pois inclui frango e laticínios. O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, passou a integrar a comitiva brasileira na Rússia exclusivamente por causa da interrupção da importação de carne e também vai apresentar argumentos técnicos para tentar inverter ou pelo menos amenizar a decisão do governo Putin. Retribuição Em sua primeira visita oficial à Rússia, Lula retribui a visita de Putin ao Brasil, em novembro do ano passado. Coincidentemente, a suspensão da compra da carne brasileira pela Rússia também foi o assunto mais delicado do encontro dos dois presidentes. Na época, a Rússia tinha suspendido as importações por causa de um foco de febre aftosa detectado no Amazonas. O embargo só foi suspenso em março deste ano. Sete meses depois, o governo brasileiro encontra-se diante do mesmo problema, agravado pelo fato de a febre aftosa desta vez ter sido detectado em um importante Estado produtor, com as melhores condições tecnológicas de criação do gado. Segundo integrantes da equipe responsável pela preparação da viagem presidencial, a intenção do governo não é de convencer, mas de "esclarecer" às autoridades russas as que a pecuária brasileira não está comprometida com o caso de Mato Grosso do Sul. A expectativa do presidente Lula é conseguir reduzir o embargo ao menor tempo possível e restringir os produtos sob embargo, no máximo, à carne in natura, sem tratamento industrial.

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