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Meta do superávit primário cercada de dúvidas

Por Edna Simão
Atualização:

Análise: A cada divulgação de resultado das contas do governo central, aumentam as dúvidas sobre a capacidade do governo de cumprir a meta "cheia" do superávit primário do setor público - ou seja, sem recorrer a mecanismos como "descontar" da meta os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A meta de superávit primário, que corresponde à economia que o governo deve fazer para pagar os juros da dívida pública, é de 3,3% do PIB. Mas pagamentos postergados e investimentos para alavancar as eleições presidenciais podem deteriorar ainda mais contas públicas nos próximos meses. Após anunciar em janeiro um superávit primário do governo central de R$ 13,866 bilhões, o Tesouro Nacional divulgou ontem um déficit de R$ 1,091 bilhão, contrariando a expectativa de muitos economistas. E a perspectiva é de que novos resultados negativos se repitam nos próximos meses. Isso deve acontecer porque o super- resultado de janeiro refletiu o adiamento de pagamentos de sentenças judiciais e a uma forte contenção de gastos. Mas agora vem o acerto de contas. As sentenças judiciais que não foram pagas em janeiro - algo em torno de R$ 9 bilhões - deverão ser quitadas entre os meses de março e maio, conforme acordo fechado com a Justiça no final do ano passado. O grosso, cerca de R$ 6 bilhões, será desembolsado apenas em março. Para agravar ainda mais a situação, a ordem do presidente Lula é acelerar os gastos, o que também vai ter impacto negativo direto no patamar do superávit primário. O presidente tem pressa e já reclamou publicamente do atraso de obras. JORNALISTA

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