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Metade da economia argentina é informal, diz fundação

Por Agencia Estado
Atualização:

A Fundação de Investigações Latino-Americanas (Fiel) anunciou que 50% da economia argentina é informal. Segundo economista-chefe da Fundação, Juan Luis Bour, ao longo dos anos 90 a informalidade ficou no patamar de 30% e disparou a partir de 1998, com o início da recessão que ainda perdura (a mais longa da história do país) e foi intensificada com a criação do "corralito" (semi-congelamento de depósitos bancários), em dezembro passado. Segundo a Fiel, 40% dos trabalhadores assalariados argentinos não possuem carteira assinada. Com isso, afirma a Fundação, ocorre uma evasão tributária tripla, já que o empresário não paga tributos como o Imposto de Valor Agregado (IVA) na hora de vender um produto, além de não pagar os encargos sociais relativos aos salários de seus empregados. Este tipo de empresário tampouco paga os impostos sobre os lucros. A Fiel e outros centros de estudos econômicos calculam que a evasão tributária seja superior a 30 bilhões de pesos (US$ 8,1 bilhões) anuais. A informalidade também atinge a forma como os argentinos guardam o dinheiro. Calcula-se que os argentinos possuem US$ 28 bilhões guardados em casa, enquanto que outros US$ 100 bilhões estariam fora do país, sem declarar. A fuga de divisas, que colocou o país em colapso no ano passado, continua. Especula-se que desde o início do ano 15 bilhões de pesos (US$ 4,05 bilhões) saíram dos bancos e foram transformados em dólares, único refúgio seguro dos argentinos. Além disso, por causa do "corralito", dezenas de milhares de argentinos, desconfiados dos bancos, retiraram-se do sistema financeiro. O aumento da informalidade ficou evidenciado através do sucesso dos "clubs del trueque" (clubes de troca), nos quais são trocados produtos por outros produtos ou serviços. O mecanismo, embora implique em um retrocesso de quase dois séculos na economia local, está salvando milhares de famílias argentinas de passar fome. Outro lado da informalidade é a disparada no número de "cartoneros" (catadores de papel) que circulam pelas ruas portenhas, um fenômeno inexistente até meados dos anos 90. Além disso, pelas calçadas da capital argentina e das principais cidades do país, proliferam os vendedores ambulantes.

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