Elton Domingues, 29 anos, mora no Residencial Estaleiro, em Ipojuca. As 600 casas foram construídas num projeto da Caixa Econômica Federal, numa iniciativa do Atlântico Sul para dar moradias aos funcionários. Até um mês atrás, ele era uma exceção entre os vizinhos de porta: tinha emprego. Foi quando recebeu a carta de demissão e passou para o lado da maioria. “Uns alugaram, mas 80% dos moradores receberam a casa do estaleiro e metade da vizinhança está desempregada”, diz ele.
Quando foi selecionado para entrar na empresa, logo que o projeto começou em Pernambuco, Domingues não tinha nenhuma qualificação. Trabalhava num depósito de gás e recebia R$ 150 por mês. Quando foi demitido em abril, era encarregado de montagem de estruturas, havia participado da construção de todos os navios do estaleiro e recebia R$ 3,6 mil. Já mandou currículos, falou com amigos e não encontra nenhum emprego, muito menos com um salário próximo ao que recebia.
“Vi muita gente boa ser mandada embora e a sensação é que sai mais gente do que anunciam”, lamenta. “Você já entrou lá?”pergunta. “Tem um galpão enorme que hoje está praticamente vazio – não sei onde vamos parar.”