Publicidade

Metade das ações na bolsa não é negociada

Estudo revela que, em um ano, papéis de mais de metade das empresas não trocaram de mãos. Investidor tem dificuldade em transformar o papel em dinheiro e enfrenta regras que não protegem o acionista minoritário.

Por Agencia Estado
Atualização:

Metade dos papéis existentes na Bolsa de Valores de São Paulo é capaz de passar um ano inteiro sem ser negociado uma única vez. É o que mostra estudo elaborado pelo ex-presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Ary Oswaldo Mattos Filho. Analisando o período de novembro de 1999 a outubro de 2000, ele constatou que, dos 693 papéis negociáveis em bolsa, 378 não foram objeto de nenhuma operação. Ainda de acordo com o levantamento, 42 papéis - representativos de 32 empresas - foram transacionados mais de 100 vezes por dia em média durante o período analisado. Eles representam apenas 6% do universo de papéis inscritos na Bovespa. Mattos Filho elaborou o estudo para demonstrar que o volume de negócios na bolsa brasileira é baixo. Ou seja, o detentor de ações tem dificuldade em transformar o papel em dinheiro. "Isso é ruim porque a negociabilidade é a maior proteção que se pode dar ao investidor", diz o atual presidente da CVM, José Luiz Osorio. Não bastassem os riscos decorrentes do baixo volume de negócios, o investidor tem de enfrentar regras que não protegem o acionista minoritário, lembra Mattos Filho. Ele acredita que os dois problemas são resultado da pouca disposição do empresariado em buscar financiamento em bolsa. MOVIMENTAÇÃO FRACA Perfil de negócios dos papéis da bolsa Negócios ao dia Nº de papéis Mais de 100 42 Entre 10 e 100 98 Entre 5 e 10 23 Entre 1 e 5 152 Zero 378   AS DEZ AÇÕES MAIS NEGOCIADAS Papel Média diária dos negócios (nov/1999 a out/2000) GloboCabo PN 957 Telemar PN 599 Petrobrás PN 584 Bradesco PN 492 Telesp PN 355 Cemig PN 340 Tele Centro Sul PN 327 Eletrobrás PNB 319 Vale do Rio Doce PNA 282 Embratel Par PN 276 Fonte: Ary Oswaldo Mattos Filho, a partir de dados da Bovespa

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.