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Metais podem afetar balança

Crise na construção pode reduzir compras dos EUA

Por Marcelo Rehder
Atualização:

A queda nos preços das commodities brasileiras em decorrência de uma eventual recessão americana também preocupa especialistas fora do governo. Os Estados Unidos são grandes compradores de commodities metálicas, como aço, ferro e alumínio, que são usadas na construção civil, e uma redução drástica nas compras pode afetar a balança comercial brasileira. O temor seria uma valorização excessiva do dólar, cujos efeitos inflacionários poderiam levar o Banco Central (BC) a aumentar os juros. "O aumento dos juros brecaria o crescimento da economia brasileira", diz Júlio Sérgio Gomes de Almeida, consultor econômico do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Gomes de Almeida pondera que o País tem uma salvaguarda desse processo, que são US$ 180 bilhões em reservas cambiais. "Isso nos dá uma certa tranqüilidade , mas as reservas são como um seguro que protege dentro de certos limites." Alexandre Schwarstman, ex-diretor de Assuntos Internacionais do BC e economista-chefe para a América Latina do Banco ABN Amro, considera fundamental para a economia brasileira que os preços das commodities se mantenham em níveis elevados. "Foi graças à valorização das commodities que o País obteve um superávit na balança comercial, que permitiu financiar as importações e sustentar o crescimento de 7% na demanda interna em 2007, sem gerar pressões inflacionárias", afirma. Para Schwarstman, a queda no preço das commodities representa o maior risco da desaceleração da economia americana. "Nesse ponto, estamos no escuro, pois ainda não dá para saber o que vai acontecer", observa. "Os preços recuaram um pouquinho nos últimos dias, mas ainda não dá para configurar como uma tendência." Para Roberto Teixeira da Costa, sócio fundador da consultoria de relações internacionais Perspectiva, o mais provável é que os preços das commodities enfraqueçam, na medida em que a economia mundial desacelere. "Para o Brasil, isso significa que vamos exportar menos e gerar menos empregos." Na avaliação do economista-chefe da consultoria MB Associados, Sérgio Vale, o País não deve ser muito afetado pela crise dos Estados Unidos. Segundo ele, a tese de que a Europa e a Ásia conseguem crescer apesar da situação americana ajuda o Brasil naquilo em que o País poderia ser mais afetado. "A perda de exportação que pode ocorrer com os Estados Unidos é parcialmente compensada pela exportação para a Europa."

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