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Sindicato questiona GM sobre plano de investimentos

Montadora anunciou que dobrará aportes no País, mas investimento não contemplará fábrica em São José dos Campos (SP); unidade não é competitiva e não tem acordos trabalhistas de longo prazo, diz presidente da GM América do Sul

Por Igor Gadelha
Atualização:

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos informou nesta quarta-feira, 29, que vai cobrar da direção da General Motors (GM) explicações sobre a exclusão da fábrica da marca em São José dos Campos (SP) dos recentes investimentos anunciados pela montadora. A empresa anunciou nesta terça-feira que pretende dobrar seus investimentos no Brasil, os quais deverão alcançar R$ 13 bilhões até 2019.

A duplicação dos investimentos se deve ao novo aporte de R$ 6,5 bilhões anunciados para desenvolvimento de uma nova família de carros com seis modelos no Brasil. O investimento faz parte dos US$ 5 bilhões (cerca de R$ 16 bilhões) anunciados pela GM para produção de carros compactos em quatro países emergentes: China, Índia, México e Brasil. 

GM investirá R$ 13 bilhões no Brasil até 2019 Foto: Alex Silva/Estadão

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Segundo o presidente da GM América do Sul, Jaime Ardila, no caso do Brasil, o montante virá dos cofres da própria filial brasileira e será destinado às fábricas de São Caetano do Sul (SP), Gravataí (RS), Mogi das Cruzes (SP) e Joinville (SC). Durante coletiva de imprensa, ele explicou que a unidade de São José não seria contemplada, pois não é competitiva, em razão de não ter acordos trabalhistas de longo prazo. 

Em nota, o sindicato afirmou que as declarações de Ardila causaram "estranheza" à entidade e aos trabalhadores, pois estariam contrariando acordos assinados em 2013 entre a montadora e o sindicato prevendo novos investimentos ao complexo fabril da GM em São José. De acordo com o sindicato, esses acordos contemplavam investimentos de R$ 3 bilhões na planta, dos quais R$ 2,5 bilhões seriam destinados a um novo projeto, que geraria 2,5 mil novos postos de trabalho. 

"As negociações das condições trabalhistas para a assinatura desse acordo, aprovado em assembleia, foram acompanhadas inclusive por representantes dos governos federal, estadual e municipal. Essas mesmas negociações foram conduzidas pelo diretor de Assuntos Institucionais da GM e atual presidente da Anfavea, Luiz Moan", ressalta o sindicato, lembrando que também ocorreram duas audiências na Câmara Municipal de São José para tratar o assunto. 

O sindicato informou que enviou carta nesta quarta-feira, 29, ao diretor de Relações Trabalhistas da General Motors do Brasil, Artur Bernardo Neto, pedindo agendamento de reunião. "A empresa deve aos trabalhadores informações claras sobre seus planos para a planta em São José dos Campos", cobra a entidade em nota enviada à imprensa.   Outro lado. Procurada, a GM afirmou que não se pronunciaria sobre as declarações do sindicato. Por meio da assessoria de imprensa, a montadora reforçou a fala de Ardila de que a fábrica de São José deve ficar de fora do novo aporte de R$ 6,5 bilhões, mas não detalhou se a unidade está contemplada no investimento de R$ 6,5 bilhões já anunciado em agosto de 2014. 

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