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Meteorologia prevê chuvas em reservatórios, mas não suficientes

Por Denise Luna (Broadcast)
Atualização:

As condições dos principais reservatórios do país estão críticas, há previsão de chuva nas áreas das hidrelétricas, mas não há garantias de que elas serão suficientes para reverter o quadro decorrente de uma estiagem, que poderia resultar em um racionamento de energia no país, como advertem especialistas. Meteorologistas afirmaram que há previsão de chuvas nos próximos dias no centro e sul de Goiás e no oeste de Minas Gerais, onde estão localizadas as cabeceiras de rios que abastecem importantes hidrelétricas como Serra da Mesa (GO) e Marimbondo (MG). Até o dia 13 de janeiro, de acordo com a meteorologista da Somar Olivia Nunes, as áreas de instabilidade que ainda cobrem o Sudeste e parte do Centro-Oeste favorecem a ocorrência de chuvas nessas regiões, que integram o chamado quadrilátero dos reservatórios do país. "Mas, apesar da previsão de chuva, que deve acumular até 50 milímetros nos próximos dias, não há garantias de que estas chuvas vão cair exatamente sobre os reservatórios", avaliou. A situação crítica dos reservatórios levou o diretor da agência reguladora de energia, Aneel, a declarar na terça-feira que "não é impossível" ocorrer um racionamento de energia no país este ano, devido à estiagem e à insuficiência de gás natural do país para colocar em operação todas as usinas térmicas. Especialistas do setor já advertiam há meses sobre o risco de falta de energia, em um momento que o país cresce a taxas maiores que em anos anteriores. Para o consultor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura Adriano Pires, existe risco de racionamento, mas não há como afirmar se realmente ocorrerá. "Não está chovendo o suficiente, não há gás, e o Brasil está crescendo. Quanto mais tempo o governo tentar esconder a situação, mais ela se agravará. Eles (governo) devem começar uma campanha para economizar energia. Isto terá um custo político, mas será melhor do que o custo de um racionamento obrigatório", avaliou. Para o Operador Nacional do Sistema (ONS), não existe risco iminente de racionamento. Outros agentes do setor ligados ao governo também descartam falta de energia devido à proximidade do início do período de chuvas no país. Na quinta-feira, uma reunião no Ministério de Minas e Energia vai avaliar a situação do abastecimento de energia e possíveis medidas a serem tomadas. PREVISÕES Do dia 14 até o dia 23 de janeiro, a especialista da Somar prevê que o tempo voltará a ficar seco nas áreas dos reservatórios, já que a frente fria que hoje está sobre o Sudeste e uma outra frente fria prevista para o próximo fim de semana vão se afastar da região. "Apenas em São Paulo e no Paraná as condições de chuva são boas, já que uma frente fria que passa pelo Sul, a partir do dia 20, e que fica até o fim da previsão, entre 23 e 24, acumula algo em torno de 100 milímetros", afirmou. "Para a região de Foz de Iguaçu (onde está a hidrelétrica de Itaipu) vai ter uma quantidade boa de chuva entre 20 e 24 de janeiro, de 100 milímetros nesses dias", complementou. A situação dos reservatórios do Nordeste é o mais grave, apesar da previsão de chuvas nos próximos 15 dias. Segundo meteorologistas, as chuvas serão insuficientes para alterar o nível baixo das hidrelétricas da região. EXPECTATIVA SOBRE CHUVAS Na avaliação do pesquisador e chefe da divisão de operações do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos, Marcelo Seluchi, "nos próximos dias deve chover nessa região onde estão os reservatório principais, mas não acima do normal, que era o que se precisava". Ele explicou que nos primeiros nove dias de janeiro a chuva foi 40 por cento menor do que a média história do período, e isso depois de dezembro ter registrado um resultado fraco em termos hidrológicos. "Arrastamos uma situação ruim de 2007, porque a estação seca no ano passado durou mais do que o normal", afirmou. Segundo Seluchi, como o inicio do ano já está perdido, o que poderá salvar o país de um racionamento, mesmo que brando, seriam chuvas acima do normal na segunda metade de janeiro em diante. Ele lembrou que em 2004 o Brasil viveu o mesmo problema, mas chuvas fortes do meio de janeiro em diante salvaram o resto do ano. "A chuva que virá depois da metade de janeiro agora terá que compensar o que já se perdeu no início do ano, o que eu acho muito difícil", complementou. (Com reportagem adicional de Andrei Khalip)

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