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México ultrapassou Brasil em volume de negócios no 4º trimestre de 2000

"Cada vez mais o México se aproxima do mercado de bônus de países do primeiro mundo", diz Carl Ross, diretor de pesquisa de mercados emergentes da Bear Stearns.

Por Agencia Estado
Atualização:

O México ultrapassou, pela primeira vez, o Brasil no quarto trimestre de 2000 em volume negociado de seus instrumentos de dívida, embora os títulos brasileiros permaneceram como os mais negociados entre todos os mercados emergentes quando se leva em conta todo o ano de 2000. No quarto trimestre, o giro com instrumentos de dívida mexicanos somou US$ 221 bi, um crescimento de 29% sobre o trimestre anterior. Quase 80% do volume de negócios com instrumentos mexicanos foram concentrados em papéis da dívida interna do país, especialmente em Cetes e Pagares. O vice-presidente de pesquisa da corretora Standard Miami, José Raul Juara, explicou que boa parte desse aumento no volume negociado com papéis mexicanos deveu-se ao fato de a Moody´s ter elevado o "rating" do país para o nível de "investment grade", atraindo uma nova categoria de investidores. Carl Ross, diretor de pesquisa de mercados emergentes da Bear Stearns, concorda e explica: "Cada vez mais o México se aproxima do mercado de bônus de países do primeiro mundo". Já o volume negociado dos instrumentos da dívida da Argentina somou US$ 366 bi em 2000, num aumento de 15% sobre o giro financeiro de 1999. Renda fixa - O volume de negócios com títulos de renda fixa de todos os mercados emergentes atingiu no ano passado US$ 2,9 tri. A quantia corresponde a um crescimento de 30% sobre o volume registrado em 1999, de acordo com o relatório anual divulgado pela Associação dos Operadores de Mercados Emergentes (EMTA, na sigla em inglês). Apesar do forte crescimento, o giro financeiro em 2000 ainda ficou muito abaixo do observado em 1997, quando os mercados emergentes registraram o volume recorde de US$ 5,9 tri. Depois da crise da Rússia, em 1998, o mercado entrou numa forte retração, recuperando-se de forma mais nítida apenas no ano passado. Somente no quarto trimestre de 2000, o volume negociado atingiu US$ 705 bi, um aumento de 44% em relação ao quarto trimestre de 1999. Entre os instrumentos de renda fixa negociados, os títulos públicos domésticos (como os papéis brasileiros LFTs e NTNs, ou os mexicanos Cetes, ou os argentinos Letes) terminaram o ano como a classe de ativo mais negociada, com uma participação de 35% no ano inteiro e de 43% no final do quarto trimestre. Os instrumentos domésticos de dívida tiveram um giro financeiro de US$ 993 bi em 2000. Em seguida, vieram os eurobônus, com um volume negociado de US$ 936 bi em 2000, o que representou uma participação de 33% do total. Os Brady bonds ? por muitos anos a classe de ativo mais líquida dos mercados emergentes ? registraram um volume de US$ 712 bi (25% do total). As opções e os empréstimos tiveram um giro de US$ 106 bi e US$ 99 bi, respectivamente. Menor alavancagem - Além da recuperação no volume de negócios, o ano de 2000 marcou uma mudança no perfil do investidor em instrumentos de renda fixa de mercados emergentes, segundo o vice-presidente de pesquisa da corretora Standard Miami, José Raul Juara. "Houve uma diminuição significativa da atividade dos chamados ´hedge funds´, que têm uma postura mais agressiva e operam muito alavancados, como podíamos observar até a crise da Rússia", disse. O diretor de pesquisa de mercados emergentes da Bear Stearns, Carl Ross, explicou que, além do menor nível de alavancagem, os investidores assumiram uma postura de longo prazo. "Há mais disposição em manter por mais tempo as posições em determinados instrumentos", disse. Apesar de o volume negociado de instrumentos de dívida de mercados emergentes em 2000, de US$ 2,9 tri, ser praticamente a metade do que foi negociado antes da crise da Rússia, Juara observa que uma mudança importante que deverá elevar a demanda por esses instrumentos é o fato de que a base de investidores foi ampliada. "Estamos observando investidores que aplicavam apenas em outros tipos de mercados. Até porque, com o ´upgrade´ da classificação de risco do México pela Moody´s, houve uma migração de investidores que tinham restrição em aplicar em papéis que não tivessem uma classificação de risco ´investment grade´", disse Juara. C-bond mantém liderança - O título da dívida brasileira continua sendo o instrumento de dívida mais negociado de todos os papéis dos mercados emergentes, apesar da queda no volume de negócios com os instrumentos de renda fixa do Brasil. Segundo o relatório da EMTA, o giro financeiro com o C-Bond atingiu US$ 229 bi no ano passado. Já o FRB argentino, o segundo mais negociado, teve um giro de US$ 94 bi em 2000. Ao longo do ano, os instrumentos brasileiros foram perdendo liquidez. No primeiro trimestre de 2000, a participação dos papéis brasileiros (nos mercados interno e externo) foi de 31% no volume total negociado nos mercados emergentes. Essa participação caiu para 22% no quarto trimestre. No ano como um todo, os instrumentos brasileiros somaram um giro de US$ 769 bi, numa queda de 4% sobre o volume de 99.

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