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Michelin diversifica receita no Brasil e avança em metas globais

Feliciano Almeida, presidente do grupo na América do Sul, afirma que a empresa quer ampliar as receitas de outras áreas de negócio para ir além dos pneus

Por Monica Ciarelli (Broadcast) e Bruno Villas Boas
Atualização:

RIO - Depois de investir cerca de US$ 1 bilhão no País nos últimos cinco anos, entre aquisições e expansão, a operação brasileira da fabricante de pneus Michelin se tornou uma espécie de fotografia do que o grupo francês espera alcançar globalmente até o fim desta década, em diversificação e sustentabilidade.

Presidente da Michelin na América do Sul diz que a operação no Brasil retrata parte dos planosdo grupo na diversificação global dos negócios no futuro Foto: Regis Duvignau/Reuters

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Segundo Feliciano Almeida, presidente da Michelin América do Sul, o grupo espera que de 20% a 30% das suas receitas no mundo sejam geradas a partir de negócios não relacionados a pneus até 2030. Hoje, mais de 90% da receita da companhia no mundo vêm da venda de pneus para todo o tipo de veículos – de bicicletas a aviões.

“No Brasil, já estamos um pouco na frente. É uma situação interessante porque a Michelin do Brasil é hoje um pouco a foto do que a Michelin quer ser no futuro. Porque temos desde a plantação de seringueiras até a fabricação de pneus, passando pela atuação digital”, diz Almeida, sem detalhar a composição do faturamento da operação local.

Um importante passo da diversificação da receita da Michelin no Brasil foi a aquisição da Sascar, empresa paulista de serviços de rastreamento de veículos, anunciada em 2014. A francesa pagou 440 milhões de euros por 100% do capital da empresa que tem forte presença no mercado de pequenas transportadoras independentes.

O Brasil também aparece à frente do restante do grupo em objetivos de sustentabilidade. Uma das metas globais é aumentar o conteúdo de matérias-primas sustentáveis para 40% até 2030. Todas as unidades fabris da Michelin no País contam com energia elétrica renovável. No ano passado, a operação brasileira neutralizou 40% da emissão de CO2 nas unidades fabris.

Em paralelo, a Michelin está construindo a primeira fábrica de reciclagem de pneus da marca no mundo. A unidade ficará a 5 quilômetros da cidade de Mejillones, no Chile. A unidade terá capacidade para reciclar 30 mil toneladas por ano de pneus para veículos de mineração em fim de vida. "Se o projeto tiver bons resultados, poderá ser replicado pelo mundo", diz Almeida.

A Michelin produz atualmente pneus de caminhões, ônibus, mineração, terraplanagem e agrícolas na cidade do Rio de Janeiro. No município de Itatiaia, no sul fluminense, produz pneus para automóveis. Em 2016, a empresa adquiriu a Levorin, fabricante de pneus de motocicletas e bicicletas com fábrica na Zona Franca de Manaus.

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Mercado

Dados da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip) mostram que foram vendidos 56,7 milhões de pneus em 2021, 4,5% abaixo do nível pré-pandemia. Almeida avalia que o mercado de pneus encerrou o ano passado parecido com o pré-crise e que 2022 deve ser um ano de volta à normalidade no setor.

A expectativa é positiva especialmente para as vendas de pneus para “transporte profissional”, como agrícola, construção e caminhões. Pneus para bicicleta, moto e automóveis também devem crescer, mas o ritmo de vendas depende da concorrência de produtos importados e do próprio comportamento dos consumidores.

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“As pessoas vão voltar a trabalhar presencialmente? Isso vai influenciar nas vendas. Eu não acredito que vai ter um novo lockdown. Se voltar, o consumidor vai conseguir pagar o combustível do carro?”, questiona o executivo, acrescentando que a companhia costuma crescer 5% ao ano em toneladas de produto vendido.

A empresa está concluindo neste ano a ampliação de sua fábrica para pneus de moto e bicicleta em Manaus. A unidade, que chegou a ficar fechada por três meses na pandemia, recebeu investimentos de R$ 100 milhões. Segundo Almeida, a decisão de ampliar a unidade foi tomada em decorrência do aquecimento do mercado.

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