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Microcrédito ofertado pelo PT tem inadimplência entre 3% e 4%

Por Agencia Estado
Atualização:

A experiência das agências de microcrédito das administrações do PT ? "Banco do Povo" (Santo André), o "SP Confia" (São Paulo) e o "PortoSol" (Porto Alegre) ? mostra um índice de inadimplência entre 3% e 4% ao longo dos últimos anos. Dirigentes do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal imaginavam um calote mais alto nas operações do programa de microcrédito lançado pelo governo Lula na última semana. Criado em janeiro de 96, o programa da administração petista em Porto Alegre, o "PortoSol", já fez 48 mil operações de microcrédito. No momento, há 2.100 clientes na carteira ativa que soma R$ 4 milhões. "Nossa meta de trabalho é manter a inadimplência abaixo de 4%", disse o diretor-executivo Cristiano Mross. A inadimplência atual, pelo conceito de atraso de mais de 30 dias, está em 3,5%. Em Santo André, no ABC paulista, o calote bateu em 4,6% no mês de maio, após ter alcançado até 11% entre o final de 2002 e o início deste ano. Mas a experiência dos últimos cinco anos, já que o "Banco do Povo" foi criado em maio de 98, mostra resultados bem diferentes. O gerente-executivo do projeto, Fernando Amorim, disse que a inadimplência média histórica oscila em torno de 3%. Em 2001, a média anual foi de 2,32% e no ano seguinte, de 3,9%. Hoje, a carteira andreense tem 847 clientes, totalizando R$ 1,170 milhão, com valor médio de financiamento concedido de R$ 2.200,00. Muito mais recente, criado em setembro de 2001, o projeto "SP Confia", da prefeitura de São Paulo, já fez 7 mil operações, no valor total de R$ 5 milhões. O responsável pelo projeto, João Caetano Lavorato, informou que a inadimplência oscila entre 3% e 4%. Nos grupos de aval solidário, em que quatro ou sete pessoas fazem empréstimos individuais e são avalistas umas das outras, o calote é zero. Neste caso, o valor do crédito individual é de R$ 300. Pagamento que cabe no bolso Sobre a expectativa dos grandes bancos oficiais de enfrentarem uma taxa de inadimplência de até 13%, Amorim comentou: "Os grandes bancos não dominam a nossa metodologia de trabalho". Nos três projetos, a concessão do crédito, seja ele de qual valor, depende muito da avaliação de um "agente de crédito". Trata-se de um funcionário que, por conhecer a comunidade do cliente, é capaz de avaliar o potencial do projeto proposto. Para Mross, o trabalho do agente é vital já que estabelece um elo com a comunidade. Isso é ainda mais importante pelo perfil do beneficiado pelo microcrédito. No "Banco do Povo", por exemplo, 63% dos clientes são trabalhadores informais, enquanto apenas 37% têm microempresas, com documentos. Para Amorim, o que importa ao cliente informal é se a "prestação" cabe no "seu bolso", "no mesmo formato de financiamento oferecido pelas Casas Bahia" numa referência à política de vendas da grande loja varejista. Assim, o prazo e o valor médios de pagamento são de 8 meses e R$ 325. Ao contrário do programa de microcrédito com juros de até 2% ao mês que o BB e a CEF devem oferecer nas próximas semanas, as agências das prefeituras do PT cobram taxas mais altas, embora muito mais baixas do que as do mercado financeiro. No "Banco do Povo", a taxa média é de 3,9% ao mês, podendo cair para 2,5% para os habitantes de quatro favelas da cidade. Em Porto Alegre, os juros cobrados oscilam entre 3,7% a 4,49% mensais. No "SP Confia", os beneficiados pagam 3,9% ao mês, enquanto os inscritos nos programas sociais da prefeitura têm taxa de 0,48% ao mês.

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