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Microempresas adotam o comércio colaborativo

Consumidores definem o que será vendido em lojas e sites

Por Marianna Aragão
Atualização:

O conceito da web 2.0 está inspirando empreendedores do mundo real. Jovens empresários criaram novos negócios utilizando o modelo de "conteúdo colaborativo", no qual consumidores participam da produção e divulgação do material. No comércio colaborativo, porém, em vez de textos e fotos, são mercadorias como roupas, calçados e objetos que entram e saem das gôndolas ao sabor do gosto do público. O projeto Endossa, em São Paulo, foi um dos primeiros a adotar o conceito. Criada pelos publicitários Gustavo Ferrioli, Carlos Margarido e Rafael Pato em março, a loja aluga espaços em suas prateleiras para quem quiser vender seus produtos. Mas as mercadorias só permanecem no local se atingirem uma cota mínima de vendas a cada mês. "Quem compra acaba decidindo o que vai ficar", diz Ferrioli, de 25 anos. Hoje, a Endossa abriga 131 "mini-microempreendedores" - como os donos batizaram os estilistas, designers, inventores e artesãos que expõem na loja. Eles pagam mensalidades que variam de R$ 80 a R$ 550, de acordo com o tamanho do espaço. O valor inclui, além da exposição no varejo, serviços de apoio como um software para acompanhamento de vendas e estoques, além de um perfil da marca no site da empresa. Além de oferecer uma nova proposta de comércio, a iniciativa tem o objetivo de diminuir os obstáculos para os criadores, afirma Ferrioli. "É uma forma de entrar no circuito comercial sem depender de consignações ou das feiras." A estratégia parece estar dando certo nas duas pontas. Segundo Ferrioli, há uma lista de espera com 100 "mini-microempreendedores". A maioria dos expositores, por sua vez, tem cumprido as metas de vendas, fixadas entre um a três vezes o valor do aluguel. O giro mensal de novos criadores é de 20%. "Alguns têm vendido até dez vezes mais que a meta." É o caso do designer de camisetas Leandro Domenico. Sua marca El Cabritón existe há dois anos, mas só era vendida em feiras de artesanato e design. Desde março, ele tem um "quadrado" na Endossa, que fica na rua Augusta, região do centro de São Paulo conhecida por seus freqüentadores jovens e "alternativos". "O sistema de metas é estimulante, te obriga a estar sempre renovando", diz. Para Domenico, compartilhar espaço com outros criadores atrai um público diversificado, impulsionando as vendas. A Casa 66, também em São Paulo, é outro exemplo de conteúdo colaborativo que chegou às ruas. A loja reúne cerca de 20 marcas de roupas e acessórios. Cada grife paga uma taxa de exposição e uma porcentagem sobre as vendas em troca da infra-estrutura. O sistema de metas, porém, é mais flexível. Os criadores podem ficar até seis meses, prazo para verificar a receptividade do público. Se a reação não for positiva, o expositor perde o espaço. O conceito da web 2.0 também foi utilizado pela Camiseteria - mas com adaptações. O negócio, criado em 2005 pelo carioca Fábio Seixas, aposta na venda de camisetas pela web. As estampas dos produtos, porém, são criadas e escolhidas pelos consumidores. Os desenhos mais votados pelos usuários são impressos nas camisetas e, depois, postas à venda no site.

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