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Mídia global destaca avança do Estado

Sites da imprensa mundial noticiaram capitalização da Petrobrás e destacaram temor do aumento da presença do Estado na empresa

Por Sílvio Guedes Crespo
Atualização:

A capitalização de US$ 70 bilhões da Petrobrás foi notícia em diversos sites estrangeiros, ao longo do dia de ontem do americano The Wall Street Journal ao australiano Sydney Morning Herald. De uma forma ou de outra, a mensagem em geral foi de que investidores ficaram contrariados com o aumento da presença do Estado na empresa, mas mesmo assim resolveram participar da operação.Ao longo do dia, a estatal permaneceu no topo do ranking "Comprando na Baixa", que reúne as ações da Bolsa de Nova York com maior afluxo de capital entre as que operam em baixa. O indicador é calculado pelo "WSJ Market Data Group".Veja como noticiaram a informação os principais jornais do mundo:THE WALL STREET JOURNAL"O petróleo é um setor em que os investidores há muito tempo lidam com risco político. Por isso, mesmo que a oferta da Petrobrás tenha aumentado a participação do governo na empresa, de 40% para 48%, os investidores não estão assustados", afirmou o Wall Street Journal, na seção "Heard on the Street". Comparando a Petrobrás com a General Motors, que deve fazer uma grande oferta de ações em novembro, o diário nova-iorquino acredita que a empresa americana não terá tanta facilidade quanto a brasileira. Primeiro, porque o governo do Brasil comprou grande parte das ações. Depois, porque "o mundo precisa de mais petróleo; de carros, nem tanto".O Wall Street Journal faz também uma comparação que vale pelo menos para os supersticiosos: antes da Petrobrás, a empresa que detinha o recorde mundial de uma oferta de ações era da japonesa Nippon Telegraph & Telephone. A operação ocorreu em 1987, "quando o mercado de Tóquio estava com tudo"; pouco depois, o Japão entrou em fase de estagnação econômica. "Sem querer que chova na festa do Brasil, a história deveria deixar os brasileiros um pouco tensos", disse o Journal.FINANCIAL TIMESO blog "BeyondBrics", do Financial Times, vê uma incerteza sobre o que pode acontecer com a eficiência e a produtividade da Petrobrás, após o aumento da participação do governo. Normalmente, não faz muita diferença se o controlador tem 51% das ações ordinárias ou 100%. Mas essa máxima não vale para a Petrobrás, avalia o jornalista Jonathan Wheatley. Tendo mais ações da companhia, o Estado terá direito a uma parcela maior dos dividendos, o que pode deixar o governo de plantão tentado a intervir mais nos negócios da companhia.Em texto que será publicado na edição impressa do FT, Wheatley diz que "o Brasil toma banho de sol sob os holofotes da Petrobrás" e cita uma frase de Lula: "Estado fraco nunca foi sinônimo de setor privado forte".THE ECONOMISTA revista The Economist avaliou, em seu site, que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não exagerou ao dizer que a capitalização foi um "enorme sucesso", e apontou um lado positivo da relação entre o Estado e a Petrobrás: "O presidente Lula quer usar esse dinheiro, parte da receita da estatal, para transformar o Brasil em um país desenvolvido, por meio de projetos em educação, bem-estar social e infraestrutura".Mas a revista assinalou que "um grande medo é que isso seja o início de uma retomada da intromissão do governo na indústria".THE NEW YORK TIMESO site "Deal Book", do New York Times", observou que a oferta da Petrobrás assumiu "tons políticos", "uma vez que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma política de fortalecimento do controle do governo sobre a indústria do petróleo".EL PAISO site do jornal espanhol El País notou que a Petrobrás não apenas se tornou a segunda maior petrolífera do mundo em valor de mercado, atrás da americana Exxon Mobil, como também a terceira maior empresa do continente americano, abaixo da vice-líder Apple.SYDNEY MORNING HERALDO australiano Sydney Morning Herald publicou reportagem da Reuters segundo a qual a capitalização dá à Petrobrás a musculatura necessária para explorar os recursos do pré-sal. Segundo o texto, uma fonte que pediu anonimato informou que fundos soberanos do Oriente Médio e da Ásia compraram ações da Petrobrás e houve uma "tremenda demanda" por parte de fundos americanos.

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