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Miguel Jorge: argentinos criam caso só no futebol

Por Tania Monteiro
Atualização:

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, disse hoje, antes de entrar para a reunião com os argentinos, no Itamaraty, que há uma "boa expectativa" para o encontro e que, "com tranquilidade", os problemas serão resolvidos. Durante a reunião, será discutida a tentativa do país vizinho de impor restrições às importações de produtos brasileiros. Para Miguel Jorge, "por enquanto, não aconteceram medidas protecionistas". "Foram só intenções. O que é preciso é tomar cuidado, ter atenção e trabalhar para que elas não ocorram", prosseguiu o ministro, tentando minimizar as divergências entre os dois países. "Eles criam caso só no campo de futebol", comentou Miguel Jorge. "No comercial, não tem problema e a gente sempre se acerta. Não tem canelada, não tem chutinho acima da medalha. Só no futebol tem isso. Nas relações comerciais está tudo tranquilo", tentou amenizar o ministro, insistindo que a Argentina "é uma boa parceira e temos um fluxo de comércio enorme com ela". Segundo o ministro, a demora na liberação de licença de importação dos produtos brasileiros está dentro dos 60 dias previstos no acordo entre os dois países e nos tratados comerciais. "A Argentina pode ficar até 60 dias para liberar uma licença. Portanto, ela está dentro das normas da OMC (Organização Mundial do Comércio). A gente pode conversar e pedir que ajam mais rápido. Mas não mais do que isso, porque está dentro da norma", comentou. Questionado se em um momento de crise não é uma tendência natural adotar medidas protecionistas, o ministro respondeu: "Pode ser, mas é um erro. Pode ser até que, por uma necessidade, de pânico, se tome essa medida, mas isso não ajuda, não. Ao contrário, atrapalha, prejudica mais ainda os países que supostamente estariam se beneficiando disso". E prosseguiu: "Medidas deste tipo certamente serão seguidas por retaliações dos outros países e, se todo mundo retaliar, vira guerra comercial. O mundo já avançou muito para que a gente agora, a partir de uma crise financeira, que não é a primeira, viva uma guerra comercial desenfreada". Sobre a possibilidade de a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) estar interessada em arranjar uma briga com a Argentina, já que o presidente da instituição, Paulo Skaf, pediu que o governo brasileiro adote "retaliações" para compensar o protecionismo do governo argentino, Miguel Jorge comentou: "Não sei se a Fiesp está bem interessada em uma briga com a Argentina. A Fiesp organizou no ano passado a maior missão empresarial à Argentina de que se tem notícias. A maioria dos empresários não quer e não pensa numa guerra com a Argentina". Miguel Jorge avisou, no entanto, que, se medidas protecionistas forem tomadas contra o Brasil, o País vai reclamar na OMC. "Nós estaremos dispostos a reclamar na OMC ou qualquer outro organismo. Todos os países que defendem o livre comércio devem estar preparados para reclamar", observou. Numa referência às medidas protecionistas a serem tomadas pela Argentina contra o Brasil, o ministro reiterou que, "por enquanto, não tem protecionismo e não há o que reclamar".

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