PUBLICIDADE

Publicidade

Miguel Jorge faz crítica velada ao Banco Central

Por Anne Warth
Atualização:

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, fez hoje uma crítica velada à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que, na semana passada, decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano. Miguel Jorge disse que, como ministro, é contra qualquer medida que possa prejudicar o comércio, a indústria e as exportações. Ele ressaltou que não faria qualquer discussão pública sobre o assunto e que evitaria comentar a política monetária, mas admitiu que esse foi um dos temas que dominou a reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e grandes empresários, na semana passada, em Brasília. "A reunião foi uma das melhores que já presenciei. Os empresários falaram sobre a situação de seus negócios e setores e puderam sugerir medidas para diminuir os impactos da crise. Houve quase unanimidade sobre uma maior pressão sobre o Banco Central na questão dos juros", afirmou, para uma platéia formada por empresários, durante almoço do Grupo de Líderes Empresariais (Lide), na capital paulista. De acordo com o ministro, grande parte dos empresários mantém otimismo em relação à economia brasileira. Diante da insistência dos empresários em relação à temática dos juros, ele destacou a independência do BC para a tomada de decisões. "Não considero o Banco Central como governo. Há uma independência, de fato. Se fosse governo, o presidente daria uma ordem e ela seria cumprida", disse, em relação à contradição entre a decisão do BC e as declarações de Lula. O ministro afirmou ainda que, como mineiro, embora não gostasse de falar muito, deixava a posição muito clara. "Os mineiros não dizem as coisas, mas elas ficam claras. Ficaram claras para vocês? Mas aí é uma avaliação de vocês", respondeu, ao ser questionado sobre a opinião em relação à manutenção da Selic. Miguel Jorge disse ainda que o governo adotará todas as medidas que forem necessárias para reduzir os impactos da crise do sistema financeiro internacional na economia brasileira. "Todas as medidas possíveis e necessárias para minimizar os efeitos da crise serão tomadas pelo governo. Podem ter certeza. Ao contrário do que alguns dizem, o governo está atento", afirmou. Sem detalhar quais seriam essas medidas, o ministro ressaltou que, "para situações de crise, é preciso ter soluções de crise". Como exemplo, ele citou o aumento das vendas nas concessionárias neste fim de semana, o primeiro desde o anúncio da isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros até mil cilindradas, cuja alíquota era de 7%, e a redução do IPI de 13% para 6,5% dos veículos entre mil e 2 mil cilindradas. "No caso dos carros usados, em que o governo não pode interferir diretamente, o que foi anunciado na última semana aos empresários é que os bancos médios e pequenos vão receber um aporte de recursos do Banco Central porque são esses os grandes responsáveis pelo movimento de financiamento do carro usado, para que eles possam fazer com que volte o movimento. Ainda não temos o valor", acrescentou.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.