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Militar só economizará R$ 10 bi se cortar efetivo

Equipe econômica impôs medidas para que custo da reestruturação da carreira não ultrapassasse economia com as mudanças na Previdência dos militares

Foto do author Adriana Fernandes
Por Adriana Fernandes e Idiana Tomazelli
Atualização:

BRASÍLIA - O corte de 36 mil dos 368 mil que formam o efetivo das Forças Armadas em dez anos é responsável por uma economia de R$ 33,55 bilhões na proposta de reestruturação da carreira militar, que foi encaminhada junto com as mudanças nas regras da Previdência. Sem a redução prometida, a proposta teria custo de R$ 23 bilhões ao longo dos próximos anos.

O Estado apurou que o Ministério da Defesa teve de aceitar um aperto de última hora nas despesas para conseguir uma economia maior com o projeto de lei que reestrutura a carreira dos militares e as regras de proteção social das Forças Armadas.

Custo da proposta nos próximos anos é deR$ 23 bi se não houver o corte de 36 milmilitares. Foto: André Coelho

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O projeto inicial enviado ao governo traria um custo extra de R$ 10 bilhões, o que não foi aceito pela equipe econômica, que trabalhou para reverter a situação nos dias que antecederam o envio do PL, conforme mostrou o Estado. Após a decisão pela redução de efetivo, o projeto passou a estimar a economia de R$ 10,45 bilhões na próxima década.

Segundo fontes, a equipe econômica argumentou com as Forças Armadas que não seria possível levar a público um texto com as condições propostas pelo Ministério da Defesa. Os técnicos atuaram nos bastidores para incluir outras medidas de receitas. Segundo uma fonte, houve um “trabalho de convencimento” e as conversas foram “colaborativas”, embora as Forças Armadas tenham resistido a algumas das mudanças.

Entre as medidas que entraram na última hora, estão a contribuição adicional de 1,5% das filhas que recebem pensão, outras medidas menores ligadas ao plano de saúde, o fim do arredondamento do tempo (meses) para cumprimento do tempo mínimo de serviço, e a redução do rol de dependentes para efeito de pensão.

Também entrou de última hora a exigência mínima de 30 anos de efetiva atividade militar (que não existe hoje). Hoje é possível completar o tempo de serviço com tempo trazido de outro regime (como o INSS).

A redução do efetivo é uma das principais consequências do aumento do tempo mínimo de 30 para 35 anos, pois torna menos necessária a recomposição das tropas. A avaliação é que existe espaço para um corte até maior que 10% no contingente e mudanças poderão ser propostas.

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Polêmico, o projeto contribuiu para a crise de articulação do governo para a aprovação da reforma da Previdência. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se manifestou contrário ao envio do PL com aumento das remunerações e avisou que vai trabalhar para a retirada das medidas, o que irritou Bolsonaro. O presidente defende uma recomposição salarial das Forças Armadas.

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