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Millennials trocam experiências com colegas de trabalho mais velhos

Profissionais de diferentes gerações aprendem a buscar o melhor uns dos outros no trabalho

Por Renée Pereira
Atualização:

Quando Mariana Elmais, de 26 anos, decidiu entrar no programa de mentoria do Citi Brasil seu principal objetivo era fazer seu parceiro enxergar o mundo dos millennials pelos seus olhos. Analista da área de produtos do Citi, ela entende que sua geração é mais ansiosa e imediatista, mas que também sofre com os rótulos. “Crescemos com o celular nas mãos e bombardeados de informações por todos os lados”, diz. “E, às vezes, há dificuldade para colocar as ideias em prática.”

Mariana Elmais quer que Miguel Queen enxergue o mundo dos millennials com seus olhos. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

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Para se preparar para o primeiro encontro com o executivo Miguel Queen, corresponsável pela área de corporate banking do Citi, estudou vários assuntos, de inovação a liderança. Mas o objetivo de Queen, de 41 anos, era aperfeiçoar a comunicação com os mais jovens e conseguir elevar o índice de retenção desses profissionais no banco. “Essa geração é muito impacientes, mas a vida corporativa não é imediata. Paciência é algo que precisa ser desenvolvido por esses jovens”, diz ele, que está no banco há 14 anos.

Os dois profissionais estão apenas no segundo encontro, mas já começam a compreender o mundo um do outro. “É uma geração difícil de impor qualquer coisa sem um propósito”, diz Queen. A compreensão tem sido mútua: “Temos de aprender a lidar com pessoas diferentes e ver o lado delas”, afirma Mariana. 

Para Mariana, que cresceu numa família de bancários e sempre quis trabalhar no setor, a experiência com Queen também tem ajudado a compreender a geração mais sênior do banco. “Meu objetivo é criar uma comunicação mais fluida entre as gerações”, diz ela, que trabalha no Citi há três anos. 

No banco, além de Queen e Mariana, outras 18 duplas têm passado pela mesma troca de experiência. O programa, que começou em fevereiro e terá seis meses de duração, tenta discutir outros pontos importantes dos dias atuais, como inovação e diversidade e não apenas diminuir a distância entre os funcionários de idades diferentes. “Temos de encontrar a forma mais fácil de nos comunicar com os diversos trabalhadores”, diz Felipe Cotta, responsável por recursos humanos no Citi. 

Fone de ouvido

Treinamento de Thamyris Campos para Luis Hamilton tinha até tarefa de casa. Foto: Gabriela Biló/Estadão

Aos 47 anos, o executivo Luis Hamilton lidera uma equipe diversificada na farmacêutica Sanofi. Diretor de Tecnologia da Informação e Soluções para a América Latina da empresa, ele lida com profissionais de várias gerações, de um funcionário com 42 anos de empresa a jovens de 22 anos de idade. “Com um grupo tão diversificado, comecei a perceber que a comunicação tradicional não estava alcançando os objetivos”, afirma. “Foi aí que pensei que uma pessoa de fora, sem viés e com perspectivas diferentes pudesse me ajudar.” 

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Desde o ano passado, ele está sendo “treinado” por Thamyris Campos, de 31 anos. Ela é especialista em assuntos regulatórios da área industrial da Sanofi e fica na unidade de Campinas no interior de São Paulo. Ele fica na capital. Por causa da distância, eles começaram o programa com uma reunião por mês. “Hoje conseguimos falar pelo menos uma vez por semana, seja pessoalmente ou por telefone”, afirma Thamyris. 

Ela diz que a primeira meta dos dois foi reunir o time de Hamilton para entender como a equipe via a comunicação do departamento. A partir daí, Thamyris começou a passar vários desafios para o executivo e até tarefa de casa. “Não é que estava tudo errado, mas precisava olhar por outros ângulos para melhorar a comunicação”, diz Hamilton, que adotou novos canais para conversar com sua equipe, inclusive pelas redes sociais. 

Segundo ele, o programa de mentoria de Thamyris, que vai até setembro, ajudou a entender um pouco mais do mundo dos millennials. Para Hamilton, a característica dessa geração é a informalidade e a simplificação – bem diferente do perfil dos profissionais de TI, considerados mais introvertidos. O executivo mudou até o estilo de se vestir no trabalho. “Agora até uso jeans.”

Do outro lado, Thamyris também está contente com o retorno do programa e a troca de experiência. Ela acredita que as reuniões ajudaram a diminuir a barreira que existe entre as gerações. “As pessoas precisam entender que a gente consegue usar o fone de ouvido e fazer um trabalho bom”, diz ela.

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